São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

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Mulheres pedem a saída de Berlusconi
Premiê italiano é acusado de denegrir imagem feminina ao se envolver em escândalo sexual com adolescente

Protestos nas ruas da Itália e até fora do país foram organizados pela internet e não tinham pretensões políticas

Alessandro Bianchi/Reuters
Manifestantes na Praça do Povo, em Roma, mostram indignação com escândalos sexuais de premiê, acusando-o de degradar a dignidade feminina

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Centenas de milhares de mulheres italianas e apoiadores saíram às ruas em várias cidades do país e do mundo ontem para protestar contra o premiê Silvio Berlusconi, demonstrando indignação pelo escândalo sexual protagonizado pelo premiê com uma adolescente.
Segundo os organizadores da mobilização, os protestos tinham a intenção de falar contra a imagem "lesiva" que Berlusconi produz para a população feminina.
O movimento foi chamado de "Se não agora, quando?" e surgiu espontaneamente na internet com o apoio de grupos feministas.
Um dos seus pilares é se desvincular de qualquer tipo de ideologia política, ainda que destacados membros da oposição, como Antonio di Pietro, líder do partido Itália dos Valores, tenham aderido aos protestos pelo país.
O manifesto das mulheres denuncia "a representação indecente e repetida da mulher como objeto nu de comércio sexual nos jornais, na televisão e na publicidade".
Promotores de Milão dizem que Berlusconi pagou por sexo a um "número significativo" de jovens mulheres, incluindo a dançarina marroquina Karima El Mahroug, conhecida como Ruby, quando ela tinha menos que 18 anos, idade mínima permitida para ser prostituta na Itália. Berlusconi também é acusado de abuso de poder.
O premiê nega qualquer irregularidade e diz nunca ter pago por sexo. Segundo ele, promotores de esquerda motivados politicamente estão perseguindo-o e tentando destruir sua carreira.
Uma maré humana, formada por mulheres de todas as idades, mas que contou também com homens e crianças carregando cartazes, reuniu-se no principal centro dos protestos do país, a Praça do Povo, em Roma. Grande parte vestia lenços com o "D" de dignidade.
Mães, filhas, avós, maridos e namorados lotaram a praça, também preenchida por músicas como "Respect", de Aretha Franklin.
"Dignidade te defenderá", "Este governo nos ofende, levantemos a cabeça", "Quero uma política sem sexo" eram alguns dos slogans impressos em bandeiras que transbordavam na Praça do Povo.
A ministra da Educação, Mariastella Gelmini, descreveu as manifestantes como "pretensiosas heroínas habituais da esquerda, que saíram de suas salas de desenho para explorar questões femininas e atacar um governo que continua a ter o apoio da maioria dos italianos".
Paralelamente à concentração em Roma, foram realizadas outras com o mesmo tema, em Milão, Turim, Palermo, Nápoles, Trieste, Bolonha, entre outras 250 cidades italianas, que deram destaque para a mulher, que falaram alto e claro contra o primeiro-ministro. Anteontem, manifestações em 30 cidades italianas já tinham pedido a renúncia do premiê.
Além das fronteiras da Itália, os protestos foram ouvidos em cidades como Barcelona, Paris, Londres, Bruxelas, Praga, Frankfurt, Atenas e Genebra, onde, na sede da ONU, um cartaz dizia "se o tio Mubarak apresentou sua demissão, por que papai Silvio não faz o mesmo?"
Berlusconi não comentou os protestos.


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