São Paulo, domingo, 14 de março de 2004

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Petróleo e gás natural impulsionam economia

DA REDAÇÃO

Pouco tempo depois da grave crise econômica que atingiu sua economia -em meados de 1998-, a Rússia apresentou uma média de crescimento de 6% entre 1999 e 2002 e um crescimento estimado de 7,3% em 2003.
Mais de uma década após o colapso da URSS (1991), contudo, a economia russa tornou-se totalmente dependente das exportações de hidrocarbonetos (petróleo e gás natural), sendo forte e vulnerável ao mesmo tempo por conta disso, de acordo com especialistas consultados pela Folha.
"Há duas razões principais para a rápida recuperação econômica. Primeiro, a depreciação do rublo, que chegou a 60% e favoreceu as exportações russas. Segundo, o preço internacional do petróleo, que, desde 1999, vem-se mantendo elevado", disse Ksenia Yudaeva, co-autora de "The New Political Economy of Russia" (a nova economia política da Rússia).
"Ademais, embora caóticas, as privatizações da década passada passaram a surtir efeitos positivos, o que fortaleceu alguns setores cruciais da economia russa", acrescentou Yudaeva.
Segundo Fiona Hill, do Instituto Brookings (EUA), o preço internacional médio do petróleo no século passado -em termos reais- foi de cerca de US$ 18. Hoje ele oscila em torno de US$ 35.
Vale lembrar que o petróleo, o gás natural, metais diversos e a madeira são responsáveis por 80% das exportações russas, a maior fonte de divisas do país.
"Quando chegou ao poder em 1999, como premiê do ex-presidente Boris Ieltsin, Vladimir Putin foi beneficiado por um aumento considerável do preço dos hidrocarbonetos. Com isso, ele foi capaz de restabelecer a força do Estado, além de pagar parte da dívida do país, o que foi bem-visto no Ocidente, e os salários e os benefícios sociais, o que lhe rendeu popularidade", analisou Hill.
Para Vladimir Kramnik, da Universidade Pública de São Petersburgo, todavia, a dependência russa dos hidrocarbonetos tende a frear seu crescimento econômico no futuro, já que o preço internacional do petróleo e o do gás natural não permanecerão tão elevados a médio e longo prazos.
No que diz respeito ao petróleo, porém, a situação russa não é tão confortável, pois, como salientou Hill, o país já trabalha no limite de sua capacidade de produção -mantidas as condições atuais.
"Se quiser manter-se como um dos principais países exportadores, a Rússia terá de desenvolver novos campos de petróleo no leste da Sibéria. Afinal, sem eles, ela não poderá atender à demanda proveniente da Ásia. Além disso, os campos existentes atualmente no oeste da Sibéria atingirão seu nível máximo de produção em 2020 e começarão a produzir bem menos em seguida", avaliou Hill.
"Também é importante para os russos abrir seus horizontes no que concerne à exportação de petróleo, visto que 80% de suas exportações atuais são destinadas à Europa. Só 1% vai para os EUA, o que é muito pouco para um país que quer manter forte participação global", apontou Yudaeva.
De acordo com Hill, Putin deveria, em seu segundo mandato, privilegiar os investimentos russos em fontes de gás natural. "Devemos levar em conta o aumento da demanda por gás natural na Ásia. Nesse setor, a Rússia é mais forte que a Arábia Saudita, e suas reservas chegam a um terço do total conhecido no planeta. Em duas décadas, o gás natural deverá ser mais importante que o petróleo para a economia russa." (MSM)


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