DA REDAÇÃO

O ex-bispo e presidente do Paraguai, Fernando Lugo, 57, admitiu ontem que é pai de uma criança de pouco menos de dois anos. Em nome da mãe do menino, Viviana Carrilo, 26, advogados haviam iniciado um processo judicial para pedir o reconhecimento de paternidade na quarta-feira passada.
Após manter silêncio sobre o caso durante a Semana Santa, Lugo disse à imprensa que se relacionou com a jovem enquanto era bispo do departamento de San Pedro, um dos mais pobres do país. "Assumo todas as responsabilidades, reconhecendo a paternidade do menino." Guillermo Armindo Carrillo, seu filho, faz aniversário no próximo dia 4 de maio.
A revelação provoca danos de imagem ao governo Lugo e à Igreja Católica. Segundo o processo, que Viviana mais tarde disse não ter pedido nem autorizado, o relacionamento entre os dois começou quando ela tinha 16 anos. A lei paraguaia não permite relacionamentos de adultos com menores de 17 anos.
"Esse é um duro golpe para a Igreja Católica e um mau exemplo, que deve provocar perda de confiança na instituição", disse o bispo da diocese de Encarnación, Ignacio Gogorza.
Em 2008, logo após sua eleição e depois de um período de resistências, o Vaticano, em decisão inédita para um bispo, concedeu a Lugo a "perda do estado clerical", o que na prática significa uma volta à condição de leigo.
A vitória de Lugo pôs fim a seis décadas de poder do Partido Colorado, de direita, no país. Ontem integrantes da legenda criticaram o rival. "Muitas das mentiras de Lugo começaram a aparecer; é vergonhoso", disse o congressista Victor Bogado.
No processo, Viviana diz que "desde aquela pouca idade, [Lugo] me seduziu e começamos a manter um relacionamento amoroso, que teve início porque ele dormia na casa de minha madrinha".
O caso veio a público na semana passada, em meio a uma crise política, com a demissão e depois readmissão do principal assessor do presidente e a promessa de reforma ministerial para a semana que vem.