|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Irã aceita reatar diálogo com potências
Teerã saúda oferta para retomar conversas nucleares, congeladas desde ano passado; EUA elogiam "abertura" iraniana
Negociações, ainda sem data e local definidos, terão inédita participação da Casa Branca como interlocutor direto do governo iraniano
DA REDAÇÃO
O Irã se disse ontem disposto
a retomar o diálogo sobre seu
programa de enriquecimento
de urânio, atendendo ao convite feito na última semana pelas
cinco potências atômicas do
Conselho de Segurança da
ONU -EUA inclusive, em gesto inédito- mais a Alemanha.
Em anúncio na TV estatal, o
principal negociador nuclear
iraniano, Said Jalili, disse já ter
comunicado a decisão ao chefe
da diplomacia da União Europeia, Javier Solana, mediador
entre Teerã e o chamado P5 +1.
Jalili saudou o "[novo] diálogo sob a ótica de uma cooperação construtiva" e pediu "compreensão correta de realidades
e desdobramentos externos".
Já a Casa Branca se disse satisfeita com a "abertura ao diálogo" demonstrada por Teerã.
Potências ocidentais acusam
o Irã de pretender enriquecer
urânio para abastecer bombas
atômicas. Teerã insiste em que
suas instalações nucleares servem apenas para produzir
energia e negocia uma solução
que lhe permita continuar enriquecendo urânio -o que tem
direito a fazer sob o Tratado de
Não Proliferação Nuclear, desde que em cooperação com a
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
A retomada do diálogo, congelado desde o ano passado,
ainda não tem data e local definidos. Mas o encontro selará a
primeira participação direta
dos EUA na mesa de negociações sobre o dossiê iraniano.
Em mais um gesto do governo de Barack Obama em direção ao Irã, a Casa Branca anunciou na semana passada a decisão de aderir às conversas.
O governo de George W.
Bush (2001-2009) exigia como
condição prévia ao diálogo que
o Irã suspendesse o enriquecimento de urânio e pressionava
pelo aumento das sanções comerciais contra Teerã. Na era
Bush, os EUA acompanharam à
distância as discussões do P5 +
1 com os iranianos.
O presidente Mahmoud Ahmadinejad vem elogiando a
"boa vontade demonstrada por
Obama", mas disse que só aceitará a "mão estendida [pelos
EUA] se ela for verdadeiramente baseada na honestidade".
Teerã exige desculpas da Casa Branca pelos "crimes cometidos contra a nação iraniana"
-como o apoio a Bagdá na
guerra Irã-Iraque nos anos
80- e garantias de que poderá
seguir enriquecendo urânio.
Consenso nuclear
É consenso entre os candidatos à eleição presidencial de junho, na qual Ahmadinejad buscará ficar no cargo, que o programa nuclear deve continuar.
Mir-Hossein Moussavi, ex-premiê e principal candidato
reformista, reiterou, em entrevista ao "Financial Times", que
rejeitará pressões para fechar
as centrais atômicas do Irã.
Moussavi prometeu ainda
buscar "maior sintonia" com o
líder supremo do Irã, aiatolá Ali
Khamenei, que tem a palavra
final sobre os assuntos estratégicos do país.
Mas o reformista se comprometeu a ter uma abordagem de
menos confrontação com o
Ocidente e afirmou que dará
garantias de que a tecnologia
será usada para fins pacíficos.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Venezuela: Chávez cria Milícia Bolivariana, com participação e treino de civis Próximo Texto: ONU ampliará sanções contra norte-coreanos Índice
|