São Paulo, terça-feira, 14 de abril de 2009

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Irã aceita reatar diálogo com potências

Teerã saúda oferta para retomar conversas nucleares, congeladas desde ano passado; EUA elogiam "abertura" iraniana

Negociações, ainda sem data e local definidos, terão inédita participação da Casa Branca como interlocutor direto do governo iraniano

DA REDAÇÃO

O Irã se disse ontem disposto a retomar o diálogo sobre seu programa de enriquecimento de urânio, atendendo ao convite feito na última semana pelas cinco potências atômicas do Conselho de Segurança da ONU -EUA inclusive, em gesto inédito- mais a Alemanha.
Em anúncio na TV estatal, o principal negociador nuclear iraniano, Said Jalili, disse já ter comunicado a decisão ao chefe da diplomacia da União Europeia, Javier Solana, mediador entre Teerã e o chamado P5 +1.
Jalili saudou o "[novo] diálogo sob a ótica de uma cooperação construtiva" e pediu "compreensão correta de realidades e desdobramentos externos".
Já a Casa Branca se disse satisfeita com a "abertura ao diálogo" demonstrada por Teerã.
Potências ocidentais acusam o Irã de pretender enriquecer urânio para abastecer bombas atômicas. Teerã insiste em que suas instalações nucleares servem apenas para produzir energia e negocia uma solução que lhe permita continuar enriquecendo urânio -o que tem direito a fazer sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, desde que em cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
A retomada do diálogo, congelado desde o ano passado, ainda não tem data e local definidos. Mas o encontro selará a primeira participação direta dos EUA na mesa de negociações sobre o dossiê iraniano.
Em mais um gesto do governo de Barack Obama em direção ao Irã, a Casa Branca anunciou na semana passada a decisão de aderir às conversas.
O governo de George W. Bush (2001-2009) exigia como condição prévia ao diálogo que o Irã suspendesse o enriquecimento de urânio e pressionava pelo aumento das sanções comerciais contra Teerã. Na era Bush, os EUA acompanharam à distância as discussões do P5 + 1 com os iranianos.
O presidente Mahmoud Ahmadinejad vem elogiando a "boa vontade demonstrada por Obama", mas disse que só aceitará a "mão estendida [pelos EUA] se ela for verdadeiramente baseada na honestidade".
Teerã exige desculpas da Casa Branca pelos "crimes cometidos contra a nação iraniana" -como o apoio a Bagdá na guerra Irã-Iraque nos anos 80- e garantias de que poderá seguir enriquecendo urânio.

Consenso nuclear
É consenso entre os candidatos à eleição presidencial de junho, na qual Ahmadinejad buscará ficar no cargo, que o programa nuclear deve continuar.
Mir-Hossein Moussavi, ex-premiê e principal candidato reformista, reiterou, em entrevista ao "Financial Times", que rejeitará pressões para fechar as centrais atômicas do Irã.
Moussavi prometeu ainda buscar "maior sintonia" com o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, que tem a palavra final sobre os assuntos estratégicos do país.
Mas o reformista se comprometeu a ter uma abordagem de menos confrontação com o Ocidente e afirmou que dará garantias de que a tecnologia será usada para fins pacíficos.


Com agências internacionais


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