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entrevista
Tabu cerca o uso da bomba, diz professor
DA REDAÇÃO
O doutor em física Luiz
Pinguelli Rosa, da Coppe/
UFRJ, afirma que um ataque
terrorista nuclear é bastante
improvável. "Não é à toa que
até hoje não aconteceu."
(GM)
FOLHA - Quais as chances de um
ataque terrorista nuclear?
LUIZ PINGUELLI ROSA - Tirando
os EUA, que usaram no Japão -e pela primeira vez, no
caso da de urânio, sem saber
direito o que aconteceria-,
ninguém usou a bomba nuclear. Eu não acho impossível que um grupo terrorista
já tenha tido possibilidade de
acesso ou até de fazer um dispositivo simplificado, não
para jogar de avião, mas para
montar num edifício no
meio de Nova York e explodir aquilo tudo... algo pequeno, com efeito grande.
Então, acho que há um tabu para não usar isso, entre
países e terroristas.
FOLHA - Como seria um ataque?
PINGUELLI - Uma bomba nuclear rústica, sem uso militar, não é tão difícil de fazer.
O problema é ter urânio ou
plutônio -o primeiro, muito
enriquecido. Poderia haver
um dispositivo grande, montado num local qualquer, onde ninguém desconfiasse,
bloqueado com muito cimento de maneira que a detecção de fora fosse difícil.
Mas por enquanto é tudo
imaginação.
FOLHA - Qual país oferece risco?
PINGUELLI - Na situação atual,
vejo maior risco no Paquistão do que no Irã. Primeiro
porque o Irã não tem bomba
nuclear. Eles estão enriquecendo urânio, estão atrás do
Brasil, inclusive, que já enriquece urânio há algum tempo e passa agora para a escala
industrial. O Brasil enriquece a 3%, pensa enriquecer a
20%, para submarinos, mas a
bomba exige 90% de enriquecimento de urânio-235,
eu não vejo o Irã próximo
disso. O lado ruim do Irã são
os mísseis, mas a tecnologia
iraniana de enriquecimento
ainda está em progresso.
Mesmo o discurso do Irã é
proporcional a ele não fazer
nada. É o cão que ladra e não
morde. Talvez sejam mais
perigosos a Coreia do Norte e
o Paquistão. O primeiro pelo
regime, o segundo pela instabilidade interna e na região.
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