São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2010

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entrevista

Tabu cerca o uso da bomba, diz professor

DA REDAÇÃO

O doutor em física Luiz Pinguelli Rosa, da Coppe/ UFRJ, afirma que um ataque terrorista nuclear é bastante improvável. "Não é à toa que até hoje não aconteceu." (GM)

 

FOLHA - Quais as chances de um ataque terrorista nuclear?
LUIZ PINGUELLI ROSA
- Tirando os EUA, que usaram no Japão -e pela primeira vez, no caso da de urânio, sem saber direito o que aconteceria-, ninguém usou a bomba nuclear. Eu não acho impossível que um grupo terrorista já tenha tido possibilidade de acesso ou até de fazer um dispositivo simplificado, não para jogar de avião, mas para montar num edifício no meio de Nova York e explodir aquilo tudo... algo pequeno, com efeito grande. Então, acho que há um tabu para não usar isso, entre países e terroristas.

FOLHA - Como seria um ataque?
PINGUELLI
- Uma bomba nuclear rústica, sem uso militar, não é tão difícil de fazer. O problema é ter urânio ou plutônio -o primeiro, muito enriquecido. Poderia haver um dispositivo grande, montado num local qualquer, onde ninguém desconfiasse, bloqueado com muito cimento de maneira que a detecção de fora fosse difícil. Mas por enquanto é tudo imaginação.

FOLHA - Qual país oferece risco?
PINGUELLI
- Na situação atual, vejo maior risco no Paquistão do que no Irã. Primeiro porque o Irã não tem bomba nuclear. Eles estão enriquecendo urânio, estão atrás do Brasil, inclusive, que já enriquece urânio há algum tempo e passa agora para a escala industrial. O Brasil enriquece a 3%, pensa enriquecer a 20%, para submarinos, mas a bomba exige 90% de enriquecimento de urânio-235, eu não vejo o Irã próximo disso. O lado ruim do Irã são os mísseis, mas a tecnologia iraniana de enriquecimento ainda está em progresso. Mesmo o discurso do Irã é proporcional a ele não fazer nada. É o cão que ladra e não morde. Talvez sejam mais perigosos a Coreia do Norte e o Paquistão. O primeiro pelo regime, o segundo pela instabilidade interna e na região.


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