São Paulo, domingo, 14 de maio de 2000


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JAPÃO
Empresa já toma medidas para conter o problema
Grandes espelhos nas plataformas podem impedir desejo de suicídio


KATHY MARKS

DO "THE INDEPENDENT"


Numa tentativa de impedir passageiros suicidas de atirar-se sobre os trilhos, uma companhia ferroviária japonesa vai instalar grandes espelhos nas plataformas de suas estações.
A East Japan Railway Company, que transporta 16 milhões de passageiros por dia, alega que, com a medida, os usuários que pretendem se matar poderiam mudar de idéia se, no instante crítico, vissem a imagem deles mesmos.
Um porta-voz da empresa, Masahiko Horiuchi, explicou o problema: "Um suicídio provoca atraso nos horários dos trens, e geralmente levamos 50 minutos para fazer tudo voltar ao normal. Cada vez que uma pessoa se mata em nossas estações, recebemos enxurradas de telefonemas de protesto. Houve um incidente no qual levamos três horas para fazer tudo voltar ao normal, enquanto procurávamos uma cabeça decepada que se separara do tronco".
Segundo a empresa, 212 pessoas cometeram suicídio em suas estações nos últimos 12 meses.
Horiuchi disse que as autoridades ferroviárias consultaram sete psiquiatras para saber como reduzir o número de suicídios. "Um conselho que nos deram foi que a presença de um espelho pode impedir potenciais suicidas de saltar da plataforma", conta Horiuchi. A JR East pretende instalar um espelho de 1,5 m por 2 m na estação central de Shinjuku, em Tóquio, que recebe 756 mil passageiros por dia, e outro na estação de Ogikubo, na zona oeste da cidade. Os espelhos serão instalados na extremidade da plataforma pela qual os trens chegam, local mais procurado por suicidas.
Além de ter pintado as plataformas de azul, a empresa considera a possibilidade de instalar sensores que avisem os passageiros sobre os perigos de se aproximarem demais da beirada das plataformas. Ela já tentou -em vão- medidas mais convencionais para reduzir os suicídios, como intensificar a iluminação e aumentar o número de funcionários que patrulham as plataformas.
Para fazer os suicidas mudarem de idéia, a empresa obrigou as famílias de algumas das vítimas a pagar pelos prejuízos causados à ferrovia. "Se um suicida causa danos à propriedade, isso sai caro", disse Horiuchi. "Temos um caso no qual uma família pagou 10 milhões de ienes (US$ 92,2 mil)."


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