São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA/ PRIMÁRIA NA VIRGÍNIA OCIDENTAL

Hillary consegue vitória esperada e jura não desistir

Senadora continua atrás de Obama em todos os quesitos, mas promete ir "até o fim"

Pesquisa aponta desejo de maioria pela "chapa dos sonhos", com os dois rivais do partido da oposição; campanhas evitam tema


SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A CHARLESTON

Apesar de permanecer atrás em todos os quesitos da corrida pela candidatura democrata à sucessão de George W. Bush e sob pressão para que complete a chapa do senador Barack Obama como candidata a vice-presidente, Hillary Clinton disse ontem que não desistirá.
Após confirmada a prevista vitória na Virgínia Ocidental, ontem, e num dos discursos mais enfáticos desde que sua derrota foi dada como certa pelo meio político, a senadora disse que vai "até o fim". E alertou: "A Casa Branca será ganha num dos Estados indecisos, e eu estou ganhando neles".
"Vocês sabem que eu nunca desisto, que continuo voltando e continuarei enquanto vocês estiverem comigo", disse a ex-primeira-dama em discurso no Centro Cívico de Charleston, capital do Estado. "Estou nesta corrida porque acredito que sou a candidata mais forte à presidência." Até 3 de junho, quando termina essa parte do processo do partido de oposição, há ainda cinco prévias.
A senadora voltou a bater na tecla dos delegados partidários dos Estados que tiveram suas prévias anuladas, nos quais ganhou. "Tanto o senador Obama quanto eu acreditamos que os delegados de Flórida e Michigan devem ser contados", afirmou, imprecisamente -seu concorrente defende uma solução para o problema, mas não essa. Comissão do partido decidirá o assunto no dia 31.
Até conclusão desta edição, com 72% das urnas, Hillary vencia no Estado por 66%, ante 27% de Obama. A Virgínia Ocidental tem 95% do eleitorado formado por brancos. Dos 20% que disseram que a raça foi um fator importante na hora de escolher um candidato, 80% votaram em Hillary. Na platéia do centro cívico, a Folha contou cinco negros entre os 500 brancos que assistiam à senadora, dois dos quais foram sentados atrás de seu púlpito de maneira a aparecer na TV.
Hillary rebateu na tecla de que é ela quem vence em Estados como esse, de maioria branca, cruciais nas eleições de novembro. Antes, em entrevista a uma emissora de TV, um assessor da ex-primeira-dama havia dito que a atitude de candidato escolhido adotada por Obama era comparável ao discurso de George W. Bush, em abril de 2003, dizendo que os combates principais da Guerra do Iraque tinham acabado.
"Nós já tivemos uma experiência desastrosa com um líder declarando "missão cumprida" quando na verdade não era isso", disse o estrategista Geoff Garin, referindo-se à faixa com essa frase que aparecia atrás do presidente republicano durante aquele discurso.

"Chapa dos sonhos"
Obama ignorou o Estado ontem e visitou uma cidade do Missouri, que já realizou prévias e no qual o senador ganhou por margem apertada, como parte da nova diretriz nacional de sua campanha: visitar Estados que devem ser importantes nas eleições em novembro.
Em Cape Girardou, indagado por um eleitor se convidaria Hillary para ser candidata a vice caso fosse mesmo o indicado do partido, Obama saiu-se novamente pela tangente. "Não vou falar de vice-presidente isso ou aquilo até que eu ganhe, pois seria presunçoso."
Ambas as campanhas têm adotado o mesmo discurso, mas aumenta a pressão popular para que seja formada o que parte dos eleitores, analistas e políticos apelidou de "chapa dos sonhos". Em pesquisa feita a pedido do jornal "USA Today" e divulgada ontem pelo instituto Gallup, 55% dos democratas e dos independentes que tendem a votar em democratas gostariam que o senador fizesse o convite à rival caso seja o escolhido, e vice-versa.


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