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Papa diz desejar que muro na Cisjordânia "caia logo"
Em visita a Belém, Bento 16 também criticou embargo israelense à faixa de Gaza
Pontífice disse entender a
preocupação de Israel com
própria segurança e exortou
jovens palestinos a não usar
de violência e terrorismo
DA REDAÇÃO
Em visita a Belém (Cisjordânia), cidade administrada pela
Autoridade Nacional Palestina,
o papa Bento 16 defendeu ontem vários temas caros aos palestinos em seu enfrentamento
político com Israel.
Pela segunda vez em sua viagem de uma semana à Terra
Santa, Bento 16 apoiou a existência do Estado palestino.
O pontífice também se referiu especificamente ao muro
erguido na região, para controlar o acesso de palestinos a Jerusalém e outras partes de Israel, condenando a construção
"que invade seus territórios, separando vizinhos e dividindo
famílias".
Em sua escala na cidade em
que, segundo a Bíblia, Jesus
Cristo nasceu, o papa disse que
"embora muros possam ser facilmente construídos, sabemos
que não duram para sempre".
"Muros podem ser derrubados. Antes, no entanto, é preciso desfazer os muros que construímos ao redor de nossos corações", afirmou. "Meu desejo
para vocês, povo da Palestina, é
de que isso aconteça logo."
No discurso feito em uma escola num campo de refugiados,
Bento 16 disse que o muro, logo
ao lado, era o símbolo do impasse nas relações entre israelenses e palestinos.
Completando o pacote de declarações caras aos palestinos,
o papa afirmou que rezava para
que o embargo que Israel impõe à faixa de Gaza, governada
pelo grupo radical Hamas, "fosse suspenso em breve". Em janeiro, cerca de 1.400 pessoas
foram mortas ali em ofensiva
do Exército israelense.
"Frieza"
Embora sem tomar partido
nas disputas locais e tendo lembrado que é preciso abrir mão
do uso de violência, a mensagem do líder católico na peregrinação que se iniciou na última sexta-feira foi muito mais
bem recebida entre muçulmanos do que entre judeus.
Desde segunda-feira Bento
16 tem sido criticado em Israel
pelo que muitos viram como
uma atitude de "frieza" ao visitar o Memorial do Holocausto e
por não ter pedido desculpas
explícitas por atos da Igreja Católica e pela responsabilidade
da Alemanha nazista no assassinato em massa de judeus.
Sua defesa do Estado palestino também desagrada ao governo do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, que se opõem à solução encampada pela ONU.
Falando aos palestinos, Bento 16 disse compreender que
eles se sintam frequentemente
"frustrados": "Suas aspirações
legítimas por um lar permanente, por um Estado palestino
independente, continuam insatisfeitas". No entanto, reconheceu que há razões para as
preocupações com segurança
de Israel e pediu que a população local não lance mão de
"atos de violência ou de terrorismo" como consequência de
seu sentimento de frustração.
"Nos dois lados do muro, é
necessária uma grande coragem para que se possa superar
o medo e a desconfiança."
Com agências internacionais
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