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Sobrevivente de desastre aéreo revê tios
Holandês Ruben van Assouw, 9, ainda não sabe que pais e irmão morreram em queda de Airbus na Líbia
FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO
O único sobrevivente do desastre aéreo que deixou 103
mortos anteontem na Líbia encontrou um tio e uma tia no
hospital de Trípoli, capital do
país, onde está internado.
O garoto holandês Ruben van
Assouw teve ferimentos graves
nas pernas, mas sua condição é
estável. Ele tem nove anos de
idade, e não oito ou dez, como
chegou a ser informado.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores da Holanda,
Ruben ainda não sabe que seus
pais e um irmão de 11 anos morreram no acidente com o Airbus A-330 da companhia líbia
Afriqiyah, que ia de Johannesburgo (África do Sul) a Trípoli.
"Ele [Ruben] está acordado,
conversando e escutando. Dorme bastante em razão da anestesia que tomou e sente-se um
pouco tonto", afirmou Ed Kronenburg, representante do governo da Holanda, à agência
Associated Press.
O menino foi operado durante mais de quatro horas.
Segundo os médicos, os órgãos vitais estão intactos, e Ruben deve ser transferido para a
Holanda nos próximos dias.
Equipes de resgate encontraram o garoto ainda com o cinto
amarrado a seu assento.
Ele estava em estado de choque e sangrava pelas pernas ao
ser retirado rumo ao hospital.
No momento da queda, o
avião preparava-se para pousar, mas tocou o chão antes do
início da pista. O impacto deixou um rastro de destroços de
150 metros de extensão.
Mas, como não houve explosão ou fogo, especialistas em
aviação especularam que o tanque de combustível estaria praticamente seco.
As investigações deverão envolver especialistas de EUA,
França, África do Sul, Holanda
e Líbia. As duas caixas-pretas
foram localizadas.
O governo líbio descartou a
hipótese de ataque terrorista.
Especialistas ouvidos pela
Associated Press afirmaram
que é possível que o piloto tenha tentado virar o avião na última hora em razão de baixa visibilidade causada pela posição
do Sol. Normalmente, aviões
pousam em Trípoli vindos do
leste, mas o voo acidentado
aproximou-se pelo oeste.
As condições do aeroporto da
capital Líbia são consideradas
"básicas" por especialistas, mas
suficientes para uma condição
de segurança satisfatória.
A companhia aérea, pertencente ao governo local, voa com
uma frota de Airbus novos e
não tivera acidentes antes.
A maioria dos mortos era de
holandeses que retornavam para seu país após passar férias na
África do Sul. A família do garoto sobrevivente comemorava o
aniversário de 12 anos e meio
de casamento, tradição no país.
Pelo menos 70 das vítimas
eram holandesas. Também havia a bordo pessoas da África do
Sul, do Zimbábue, do Reino
Unido, da Áustria, da Alemanha, da Líbia e da França.
A escritora sul-africana Bree
O'Mara, que ia para Londres,
está entre os mortos.
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