São Paulo, sexta-feira, 14 de maio de 2010

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Candidato promete ser mais duro que Uribe com Farc

DA ENVIADA A MANIZALES E PEREIRA (COLÔMBIA)

Antanas Mockus promete ser ainda mais duro com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) do que o atual presidente colombiano, Álvaro Uribe.
Ele manda, porém, um recado aos vizinhos: não haverá ataques a acampamentos guerrilheiros em outros países. O tema da suposta cooperação dos vizinhos com a guerrilha é "irritante", ele disse, mas deve ser tratado na ONU. A caminho de uma fazenda de café na Colômbia, Mockus lamentou que a candidata verde no Brasil, Marina Silva, tenha desmarcado encontro por conta das ameaças que ele sofreu. "Tomara que possamos remarcar."
Leia os principais trechos da entrevista à Folha:

FOLHA - Especialistas como o do Crisis Group dizem que não há solução puramente militar para o conflito colombiano. O sr., que já disse que não negociará, o que acha?
ANTANAS MOCKUS
- Qualquer declaração desse estilo é arriscada, difícil academicamente de fundamentar e inconveniente. A Colômbia viveu cerca de 20 anos mais ou menos em atitudes relativamente condescendentes com as Farc. As Farc não construíram premissas favoráveis à negociação. Diria que convém à guerrilha tratar de negociar com Uribe.

FOLHA - Há poucos dias foi preso um suposto integrante das Farc no Brasil. Há problemas com a suposta ação das Farc na Venezuela e no Equador. O que o sr. vai fazer para engajar os vizinhos no combate do problema, sem que eles se envolvam no conflito interno?
MOCKUS
- Os diferentes países oferecem experiências diferentes. O Brasil entregou vários dirigentes do narcotráfico ou das Farc. No Equador, fizeram capturas. Depois, houve o ataque às Farc no Equador, que violou tratados internacionais. Entendemos que as sociedades vizinhas nos fariam pagar um preço enorme de legitimidade e confiança se insistíssemos nisso. A Colômbia se compromete a seguir respeitando os tratados internacionais. Agora, em troca, esperamos um incremento da cooperação. É irritante a cooperação de um país vizinho com as Farc. Tratar disso na ONU toma seu tempo, pode haver impaciência. Mas é preciso discuti-lo lá.

FOLHA - O que pretende fazer para retomar a relação com Caracas?
MOCKUS
- Primeiro, reconhecer a interdependência. O que perdemos em comércio bilateral equivale a mais de duas vezes o que exportamos em café. Portanto, devemos atuar responsavelmente. Espero que não haja pronunciamentos na Venezuela nem haja tergiversação na Colômbia.

FOLHA - O sr. chamaria Hugo Chávez para conversar?
MOCKUS
- Tenhamos paciência para que chegue o momento. Pode ser que ele venha à nossa posse, pode ser que nós aproveitemos o primeiro convite possível. Pode ser que nos encontremos num terceiro país. Há uma vontade e respeito que eu considero que são mútuos. E a partir disso, poderemos nos entender bem.

Leia a íntegra da entrevista

www.folha.com.br/1013322



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