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Candidato promete ser mais duro que Uribe com Farc
DA ENVIADA A MANIZALES E PEREIRA
(COLÔMBIA)
Antanas Mockus promete
ser ainda mais duro com as
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) do que
o atual presidente colombiano,
Álvaro Uribe.
Ele manda, porém, um recado aos vizinhos: não haverá ataques a acampamentos guerrilheiros em outros países. O tema da suposta cooperação dos
vizinhos com a guerrilha é "irritante", ele disse, mas deve ser
tratado na ONU.
A caminho de uma fazenda
de café na Colômbia, Mockus
lamentou que a candidata verde no Brasil, Marina Silva, tenha desmarcado encontro por
conta das ameaças que ele sofreu. "Tomara que possamos
remarcar."
Leia os principais trechos da
entrevista à Folha:
FOLHA - Especialistas como o do
Crisis Group dizem que não há solução puramente militar para o conflito colombiano. O sr., que já disse
que não negociará, o que acha?
ANTANAS MOCKUS - Qualquer declaração desse estilo é arriscada, difícil academicamente de
fundamentar e inconveniente.
A Colômbia viveu cerca de 20
anos mais ou menos em atitudes relativamente condescendentes com as Farc. As Farc
não construíram premissas favoráveis à negociação. Diria
que convém à guerrilha tratar
de negociar com Uribe.
FOLHA - Há poucos dias foi preso
um suposto integrante das Farc no
Brasil. Há problemas com a suposta
ação das Farc na Venezuela e no
Equador. O que o sr. vai fazer para
engajar os vizinhos no combate do
problema, sem que eles se envolvam no conflito interno?
MOCKUS - Os diferentes países
oferecem experiências diferentes. O Brasil entregou vários dirigentes do narcotráfico ou das
Farc. No Equador, fizeram capturas. Depois, houve o ataque
às Farc no Equador, que violou
tratados internacionais.
Entendemos que as sociedades vizinhas nos fariam pagar
um preço enorme de legitimidade e confiança se insistíssemos nisso. A Colômbia se compromete a seguir respeitando
os tratados internacionais.
Agora, em troca, esperamos um
incremento da cooperação.
É irritante a cooperação de
um país vizinho com as Farc.
Tratar disso na ONU toma seu
tempo, pode haver impaciência. Mas é preciso discuti-lo lá.
FOLHA - O que pretende fazer para
retomar a relação com Caracas?
MOCKUS - Primeiro, reconhecer a interdependência. O que
perdemos em comércio bilateral equivale a mais de duas vezes o que exportamos em café.
Portanto, devemos atuar responsavelmente. Espero que
não haja pronunciamentos na
Venezuela nem haja tergiversação na Colômbia.
FOLHA - O sr. chamaria Hugo Chávez para conversar?
MOCKUS - Tenhamos paciência
para que chegue o momento.
Pode ser que ele venha à nossa
posse, pode ser que nós aproveitemos o primeiro convite
possível. Pode ser que nos encontremos num terceiro país.
Há uma vontade e respeito
que eu considero que são mútuos. E a partir disso, poderemos nos entender bem.
Leia a íntegra da
entrevista
www.folha.com.br/1013322
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