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Israel mata 11 em Gaza, na ação mais violenta em 4 anos
Alvo era van com militantes que levavam foguetes, diz o Exército; entre as vítimas havia 2 crianças e 3 socorristas
Baseado em investigação interna, governo de Israel
nega responsabilidade na morte de civis em praia de
Gaza na semana passada
DA REDAÇÃO
No dia em que se defendia da
acusação de responsabilidade
sobre a morte de sete civis palestinos em uma praia da faixa
de Gaza na semana passada, o
Exército israelense realizou
ontem o ataque mais violento
em quatro anos nos territórios
palestinos. Nove civis foram
mortos, incluindo duas crianças e três socorristas, além de
dois militantes islâmicos.
A ação coincide com o confronto interno entre o grupo
terrorista Hamas -cujo braço
político tem a maioria no Parlamento palestino- e Mahmoud
Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP),
que pertence ao Fatah e convocou plebiscito sobre uma proposta política que inclui negociações com Israel. Os últimos
incidentes poderão dificultar
um acordo entre os dois lados
sobre os rumos da ANP.
Segundo o Exército israelense, a ação realizada ontem tinha
o objetivo de evitar um ataque
de foguetes no sul de Israel. Um
primeiro míssil foi disparado
contra uma van em que viajavam dois militantes palestinos.
Segundo Israel, eles transportavam foguetes que seriam disparados contra o seu território.
Dois outros mísseis atingiram o local, e foram mortos nove civis, incluindo duas crianças e três membros de uma
equipe médica que se deslocava
para fazer o socorro.
Segundo Hekmat Mughraib,
seu filho de 30 anos, Ashraf,
morreu porque tentava acalmar as crianças da vizinhança
em razão do barulho de disparos. "Ele gritava: "Não tenham
medo, não tenham medo",
quando o segundo míssil o atingiu", contou a mãe.
No hospital para onde foram
levados os 11 mortos, além de
32 feridos, militantes de grupos
terroristas gritavam palavras
de ordem contra Israel.
Na Cisjordânia, forças israelenses mataram um militante
palestino durante um tiroteio
na cidade de Jenin.
O presidente da ANP acusou
o governo israelense de "terrorismo de Estado". "Eles querem eliminar o povo palestino,
mas nós vamos resistir firmemente", disse Abbas.
O ministro israelense da Defesa, Amir Peretz, lamentou a
morte de civis, mas disse que
usaria "toda a força e meios"
contra grupos que desferissem
ataques contra Israel. Foguetes
disparados da faixa de Gaza raramente fazem vítimas no lado
israelense, mas provocam prejuízos nas cidades atingidas.
Sem responsabilidade
Também ontem, o governo
israelense negou que tenha sido responsável pela morte de
sete civis palestinos em uma
explosão numa praia da faixa
de Gaza na semana passada.
Dan Halutz, chefe das Forças
de Defesa de Israel, disse que a
conclusão de um inquérito é
que o Exército já havia cessado
suas ações no momento em que
ocorreu o incidente.
Meir Califi, militar chefe do
inquérito, sugeriu que o aparato que explodiu na praia de Gaza pertencia a algum grupo militante palestino. Mas um especialista militar da organização
não-governamental Human
Rights Watch disse que evidências apontam para um explosivo de fabricação israelense.
Marc Garlasko não descartou
que o aparato tenha sido enterrado por palestinos, mas declarou que os indícios não apoiavam essa tese. Ele foi o primeiro investigador independente a
visitar o local, freqüentado por
centenas de palestinos às sextas como área de lazer. Exames
mostraram que os palestinos
não foram atingidos por fragmentos de aparatos normalmente usados por Israel.
O caso levou o grupo Hamas
a encerrar uma trégua de 16
meses com Israel.
Retirada parcial
O premiê israelense, Ehud
Olmert, declarou em Londres
que Israel nunca irá concordar
com uma retirada total da Cisjordânia, por questões de segurança e defesa.
"As fronteiras anteriores a
1967 não permitem a defesa de
Israel", declarou Olmert em referência à Guerra dos Seis Dias,
em que o Exército de Israel tomou o controle da faixa de Gaza
e da Cisjordânia. No ano passado, Israel fez uma retirada unilateral de todos os assentamentos e soldados de Gaza.
O premiê está visitando o
Reino Unido e a França na tentativa de angariar apoio ao plano de desocupar 90% da Cisjordânia e deixar 10% do território
sujeito a negociação. Permaneceria também com Jerusalém
oriental, que os palestinos reivindicam como capital de seu
futuro Estado.
Olmert declarou que dialogaria com qualquer governo palestino que renunciasse ao terrorismo, mas, na semana passada, classificou o plebiscito
lançado por Mahmoud Abbas
de "jogo interno" e "sem sentido". Ontem, expressando-se de
maneira informal, se disse cético quanto à possibilidade de
diálogo com o Hamas.
"Você acha que esses caras
estão prontos ainda nesta encarnação para tomar parte de
uma negociação política séria?", perguntou Olmert.
Com agências internacionais
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