DA REDAÇÃO

A lista de prêmios dos "reality shows" ganhou recentemente mais um integrante, pelo menos na Rússia: um assento no Parlamento do país. Uma reportagem publicada ontem no jornal "Washington Post" narra a primeira rodada de um concurso chamado "Fábrica Política", inspirado em "reality shows".
Os 60 candidatos selecionados foram reduzidos a 20, no último dia 4. O anúncio dos remanescentes foi feito na praia, com palco e DJs. Na etapa atual, os candidatos têm de colher pelo menos 500 assinaturas de possíveis eleitores, além de organizar eventos. O concurso vai ser encerrado com um debate entre os 20 aspirantes antes de o júri tomar a decisão final. Quem vencer deve se juntar aos governantes em outubro.
"Estou pronta para lutar e resolver os problemas dos jovens", proclamou Svetlana Kondakova, 21, quando soube que tinha passado.
O concurso é promovido pelo Supremo Conselho da Rússia Unida, partido da base do presidente do país, Vladimir Putin. Em abril, o partido decidiu que 20% de seus candidatos deveriam ter entre 21 e 28 anos de idade. A Guarda Jovem, ala de militantes jovens do partido, lançou a idéia do concurso, que começou em maio em nove regiões com eleições marcadas para os próximos meses.
Segundo pesquisas, os jovens russos não se interessam por política, apesar do temor do Kremlin de que possam iniciar algum tipo de revolta popular similar às que derrubaram governos na Ucrânia e na Geórgia.
Alguns críticos acham o concurso um recurso publicitário desesperado. "Não acredito que darão mandatos [aos participantes]. Há muitos adultos no partido que os querem", disse ao "Post" Vladimir Pribylovsky, do instituto de pesquisa Panorama.
Na inscrição, os participantes respondiam a um questionário sobre dados pessoais e opiniões políticas, como "os EUA são nossos amigos, inimigos ou parceiros econômicos?" ou por que o magnata do petróleo Mikhail Khodorkovsky, opositor do Kremlin, está preso. Dentre os jurados, há até um dançarino de break.
Em 27 de junho, os cinco finalistas serão escolhidos. Três deles vão quase com certeza ser enviados ao Parlamento. Segundo o líder da Guarda Jovem na cidade de Lipetsk, Alexei Demikhov, "nossa tarefa é escolher aqueles dos quais não vamos ter vergonha quando se tornarem deputados".


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