São Paulo, domingo, 14 de junho de 2009

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Intelectual coleciona inimigos

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das principais vozes do islã no Ocidente, o teólogo e filósofo Tariq Ramadan, 54, é retratado pelos seus numerosos detratores como um extremista perigoso que se esconde atrás da fala mansa e erudição poliglota.
Entre os seus maiores inimigos estão o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que o acusou, em acalorado debate na TV, de apoiar o apedrejamento de mulheres -o que Ramadan negou.
A lista de refratários inclui ainda o juiz espanhol Baltazar Garzón, que quis prendê-lo por supostos vínculos com terroristas.
As suspeitas foram endossadas pelo então presidente americano George W. Bush, que revogou em 2004 seu visto de entrada nos Estados Unidos.
Aos que combatem sua hiperexposição na mídia e no mundo acadêmico, Ramadan responde com uma disposição ainda maior em ocupar espaços para semear sua visão do islã.
Professor nas universidades Oxford (Reino Unido) e Erasmus (Roterdã), Ramadan defende reformas na religião islâmica e afirma que muçulmanos podem se integrar em sociedades ocidentais sem abrir mão dos seus valores.
Ele rejeita ataques suicidas e terroristas sob quaisquer pretextos, mas prega a inclusão no debate geopolítico de grupos como o palestino Hamas e o libanês Hizbollah.
A constante busca por denominadores comuns com as demais grandes religiões valeu a Ramadan a admiração declarada de pensadores como Noam Chomsky, Edgar Morin e Norman Finkelstein.
Entre os livros mais famosos do pensador estão "Islã: a reforma radical" (2009) e "Ser um muçulmano europeu" (1999).
Em 2005, integrou força-tarefa do então premiê britânico, Tony Blair, para lidar com temas islâmicos.
O teólogo nasceu na Suíça, onde seus pais viviam exilados após deixarem o Egito do ditador laico Gamal Abdel Nasser.
Ramadan é neto de Hassan al Banna, fundador da Irmandade Muçulmana, grupo que inspirou gerações de radicais islâmicos, entre eles os ideólogos da Al Qaeda e do Hamas.
O pensador mora em Genebra e é casado com uma francesa convertida ao islã, com quem tem quatro filhos.0 (SA)


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