São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 2011

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Italianos impõem revés humilhante para Berlusconi

Plebiscito derruba planos do governo para o uso da energia nuclear e imunidade judicial para ministros

Premiê recebe segundo golpe duro das urnas em duas semanas; voto significa que ele poderá sofrer processo judicial

Andrew Medichini/Associated Press
Primeiro-ministro Silvio Berlusconi em conferência com o premiê de Israel em Roma

DO FINANCIAL TIMES

Duas semanas após castigarem a coalizão do premiê italiano Silvio Berlusconi, 74, em eleições locais, os italianos desferiram outro golpe contra sua credibilidade, rejeitando em um referendo leis sobre energia nuclear, privatização e imunidade judicial.
Os resultados mostram que 57% dos eleitores participaram do referendo, entre anteontem e ontem. Ao menos 95% dos que foram às urnas rejeitaram as plataformas-chave do governo.
Berlusconi reconheceu a derrota ao não conseguir persuadir os italianos a ficar em casa e assim não formar o quorum necessário para a validade do referendo ""mais de 50% do eleitorado.
"A Itália terá que dizer adeus às usinas nucleares. Teremos que nos comprometer fortemente com o setor da energia renovável", afirmou Berlusconi.
Foi a primeira vez desde 1995 que um referendo alcançou o quorum necessário.
Pierluigi Bersani, líder do Partido Democrata, o principal partido da oposição, disse que a votação foi "um referendo sobre o divórcio entre o governo e o país".
Depois do desastre no Japão, o governo suspendeu planos de relançar o setor. Cerca de 10% da energia usada no país é nuclear (importada). O governo queria usinas próprias, mas o referendo anula esse plano.
Os resultados significam que um premiê enfraquecido é mais refém da Liga do Norte, sua aliada, e do líder desta, Umberto Bossi, que terá condições de derrubar o governo a não ser que ele atenda suas exigências ""hoje centradas em cortes de impostos.
O ministro das Finanças, Giulio Tremonti, diz que a Itália não pode arcar com redução de impostos, pois a dívida pública equivale a 120% do PIB, e ele tenta reduzir gastos do governo e equilibrar o orçamento até 2014.
O referendo reduziu a margem de manobra de Tremonti, pois rejeitou uma legislação que previa a privatização parcial das companhias de água, com retornos garantidos sobre seus investimentos.
Os italianos rejeitaram ainda uma lei que autorizava ministros a faltar em audiências em tribunais, com base em seus compromissos oficiais.
O deputado Niccolo Ghedini, advogado do premiê, disse que a votação não mudou "nada" para Berlusconi, que já se comprometeu a comparecer a julgamentos por acusações de corrupção, fraude fiscal e pagar para ter relações sexuais com uma prostituta menor de idade.

Tradução de CLARA ALLAIN


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