São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2006

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Ataques israelenses matam 55 e fecham aeroporto do Líbano

Bombardeios atingem bases e rodovias libanesas, isolando o país; Beirute pede cessar-fogo, mas ação está só no começo, diz Israel

MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE TZFAT (ISRAEL)


Israel bombardeou o Aeroporto Internacional de Beirute e impôs um bloqueio aéreo e marítimo sobre o Líbano, intensificando a ofensiva contra o país que considera responsável pelo seqüestro de dois soldados e pela morte de outros oito em um ataque do grupo terrorista Hizbollah, anteontem. Pelo menos 55 civis já morreram nos bombardeiros israelenses, incluindo uma família brasileira (leia na próxima página).
O governo libanês pediu ao Conselho de Segurança da ONU um cessar-fogo e o fim "da agressão israelense", mas o comando militar de Israel afirmou que a operação está só "no começo". Beirute também afirmou estar preparando uma proposta que envolve a libertação dos israelenses. "A ONU deve tomar uma decisão abrangente e imediata por um cessar-fogo e para levantar o bloqueio", disse o ministro da Informação libanês, Ghazi Aridi.
O Hizbollah lançou mais de cem morteiros do tipo katyusha contra o norte israelense, que provocaram a morte de duas pessoas, 92 feridos e a fuga de milhares de pessoas, segundo Israel. Foi o mais grave ataque contra o país em dez anos. Pela primeira vez a cidade de Haifa, a terceira maior do país, com 260 mil habitantes, foi atingida. O Hizbollah negou que tenha atacado Haifa.
Caças israelenses atingiram as pistas do aeroporto internacional de Beirute e tanques de combustível, provocando incêndios. Também foram destruídas pistas de bases aéreas do país. O aeroporto foi fechado e os vôo tiveram de ser desviados para o Chipre.
Navios de guerra bloquearam as águas territoriais libanesas e os militares de Israel anunciaram que vão disparar contra qualquer pessoa armada que se aproximar "a 1 km da fronteira".
Também foram bombardeadas por helicópteros bases militares e três instalações da rede de televisão do Hizbollah, a Al Manar, em Beirute e nos arredores da capital. Um dos ataques israelenses atingiu a estrada principal entre Beirute e Damasco, mas ela não foi fechada ao tráfego.
O chefe do comando Norte do Exército de Israel, Udi Adam, repetiu ontem que a operação não tem prazo definido. Ele não descartou uma invasão por terra em grande escala, nem o assassinato seletivo de líderes do Hizbollah. "Estamos preparados para todas as opções e seguiremos as decisões do governo. As primeiras 24 horas foram apenas o começo", disse.
O comandante estima que os dois soldados seqüestrados - Ehud Goldwasser, 31, e Eldad Regev, 26- estejam vivos. A rede de TV Al Jazira informou que eles estavam vivos no momento da captura e que foram levados para uma mesquita. Fontes israelenses disseram à mídia local que o Hizbollah pretendia transferir os reféns para o Irã.
O líder do Hizbolllah, Hassan Nasrallah, disse que só vai libertar os soldados em troca de prisioneiros que estão em cadeias de Israel, por meio de negociações indiretas.
Todo o norte de Israel, num raio de 20 quilômetros a partir da fronteira com o Líbano, está em estado de guerra. Mais de 700 mil civis foram orientados a entrar em abrigos. Milhares de moradores e turistas - que lotavam os hotéis no verão local - fugiram para o sul. Fábricas e lojas estão fechadas.
Em Nahariya, uma mulher de origem argentina morreu quando seu apartamento foi atingido diretamente por uma katiusha. Uma outra pessoa foi morta em Tzfat. Mais de 20 pessoas sofreram ferimentos e os hospitais receberam cerca de 100 em diferentes níveis de estado de choque.
No ataque de maior alcance, um morteiro atingiu um bairro central de Haifa, símbolo de convivência entre judeus e árabes em Israel, sem deixar feridos. O grupo islâmico vinha ameaçando alvejar a cidade se Israel atacasse Beirute, mas negou ter disparado ontem. Em Haifa está uma das duas refinarias de petróleo de Israel, indústrias petroquímicas e de tecnologia. Israel considerou o ataque uma "grave escalada".
No fim da noite de ontem o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, aprovou a intensificação dos ataques ao Líbano. "Todas as opções estão abertas", disse o capitão Jacob Dallal, porta-voz do Exército. "Estrategicamente, um ataque à terceira cidade de Israel é algo grave que precisa ser respondido."


Com agências internacionais

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