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Europa faz pacto para substituir gás russo
Áustria, Bulgária, Hungria e Romênia acertam com a Turquia construção de gasoduto para reduzir dependência de Moscou
Viabilidade de obra é incerta; Rússia, que neste ano cortou o fornecimento à Ucrânia, deixando europeus sem gás, articula projeto concorrente
DA REDAÇÃO
Líderes de quatro países da
UE (União Europeia) -Áustria, Bulgária, Hungria e Romênia- e da Turquia assinaram
ontem em Ancara, capital turca, um acordo para a construção de um gasoduto que pretende permitir ao bloco europeu reduzir a dependência de
gás da Rússia.
A previsão é iniciar as obras
no próximo ano e concluí-las
em 2014, com a meta de transportar até 31 bilhões de m3
anuais da região do mar Cáspio
até países da UE.
O gasoduto, batizado de Nabucco em homenagem à ópera
homônima de Giuseppe Verdi,
percorrerá 3.300 km, da cidade
turca de Erzurum (onde estará
conectado a tubulações provenientes de países produtores)
até a Áustria. O custo é estimado em US$ 11 bilhões.
A assinatura do acordo sobre
o Nabucco, planejado desde
2002, foi adiada várias vezes
porque a Turquia, país pobre
em energia, exigia 15% do gás
transportado, demanda a que
agora renunciou. Os turcos
apostam que a parceria energética reforçará suas chances de
ingressar na UE.
Embora não tenha mandado
representante à reunião em
Ancara, a Alemanha também
fará parte do projeto.
Vários países interessados na
consolidação do projeto, como
Estados Unidos, Geórgia e
Azerbaijão, participaram do
encontro, que ocorreu num
contexto de disputa geopolítica
entre a Rússia e as potências
ocidentais pela antiga esfera de
influência soviética.
"O projeto [Nabucco] é de
uma importância crucial para a
segurança energética da UE e
da Turquia", disse o chefe da
Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.
O gasoduto visa evitar os
problemas de abastecimento
de gás russo, que vários países
da UE vêm sofrendo nos últimos anos.
Pelo menos 25% do gás natural consumido na Europa é importado da Rússia, e 80% deste
gás passa por gasodutos situados na Ucrânia, uma ex-república soviética hoje governada
por forças pró-Ocidente.
Em meio a divergências com
autoridades ucranianas, a Rússia reiteradas vezes cortou ou
diminuiu brutalmente o fluxo
nos gasodutos que passam pela
Ucrânia. No início deste ano,
em pleno inverno, alguns países da UE ficaram duas semanas sem fornecimento de gás.
Apesar do apoio explícito das
potências ocidentais, especula-se que o Nabucco não suprirá a
dependência do gás russo. Segundo previsões otimistas, o
gasoduto atenderá no máximo
10% da demanda da UE.
O projeto está ameaçado pelo gasoduto rival South Stream,
que a Rússia começará a construir no próximo ano em parceria com alguns dos mesmos
países associados ao Nabucco.
O South Stream pretende fazer chegar o gás russo à Itália
passando por Turquia, Sérvia,
Hungria e Áustria, driblando a
Ucrânia. Há, ainda, dúvidas sobre a rentabilidade do Nabucco. Analistas dizem que o projeto só será economicamente
viável com a adesão de grandes
produtores de gás, como Cazaquistão ou Uzbequistão.
Com agências internacionais
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