São Paulo, segunda-feira, 14 de agosto de 2006

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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Na véspera de trégua, violência cresce

Hizbollah dispara 250 foguetes e mísseis contra Israel; ataques aéreos israelenses matam pelo menos 17 no Líbano

Críticas internas sobre ação de Israel aumentam; governo diz que tropas ficam no Líbano até chegada da força internacional


MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TEL AVIV

Israel e o Hizbollah intensificaram ontem os ataques, um dia antes do início do cessar-fogo aprovado pelos dois lados e pela ONU. Ataques aéreos de Israel mataram ao menos 17 pessoas no Líbano, incluindo duas crianças, e a milícia xiita disparou mais de 250 foguetes e mísseis contra o país, matando um homem de 83 anos e ferindo outras três pessoas com gravidade. Israel afirmou ter derrubado, no ar, duas aeronaves não-tripuladas do Hizbollah carregadas com explosivos.
O aumento dos ataques é comum nas últimas horas antes do cessar-fogo. Como também são comuns as violações e os enfrentamentos terrestres, que devem continuar. Israel afirma que vai agir se julgar que há perigo às suas tropas, ou de disparos contra o país. O Hizbollah promete continuar atacando até que o último soldado israelense deixe o território libanês, mas o líder Hassan Nasrallah afirmou que vai suspender os disparos de mísseis se a Força Aérea de Israel deixar de bombardear o Líbano.
O cessar-fogo formal entra em vigor às 8h locais (2h de Brasília), com cerca de 30 mil soldados israelenses em uma faixa de até 20 km no sul do Líbano a partir da fronteira e com o Hizbollah ainda em condições de disparar contra Israel e com tropas bem treinadas e equipadas nas aldeias onde há presença israelense.
"Israel vai sair junto com o envio do Exército libanês ao sul, ao lado da força internacional", afirmou a chanceler Tzipi Livni.
Até que isso aconteça, os israelenses afirmam que vão respeitar o cessar-fogo, mas responder a ataques e a ameaças, e também devem manter os ataques contra veículos suspeitos de transportarem armas e suprimentos para o Hizbollah.
O gabinete de Israel aprovou formalmente ontem, por 24 votos a 9, com uma abstenção, a proposta de cessar-fogo. Antes disso, na sexta-feira, o país triplicou o número de soldados no sul do Líbano. "Não teríamos tido sucesso na criação de um acordo favorável a Israel sem a operação lançada na sexta-feira", disse o ministro da Defesa, Amir Peretz.
Mas a nova operação provocou mais críticas ao governo do premiê Ehud Olmert, que vem sendo atacado por causa da sensação de fracasso da ofensiva militar, devido à continuidade dos disparos de foguetes do Hizbollah e da falta de notícias sobre os soldados seqüestrados pelo grupo em 12 de julho.
Se até a semana passada havia consenso político em torno da operação militar, agora a esquerda afirma que o envio de mais soldados os coloca em risco e amplia a guerra, e a direita afirma que isso deveria ter sido feito já na primeira semana de conflito.
Desde o início dos confrontos, há pouco mais de um mês, 784 pessoas morreram do lado libanês, e 148 do lado israelense. Entre os cinco militares israelenses mortos ontem nos combates com o Hizbollah no sul do Líbano estava Uri Grossman, filho do escritor e ativista da paz David Grossman, que na quinta-feira fez um apelo público pelo fim da guerra.
Segundo a ONU, desde anteontem, cinco bombardeios israelenses atingiram áreas da Unifil (forças da ONU no Líbano). Os ataques não deixaram vítimas, apenas destruição.


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