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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO
Na véspera de trégua, violência cresce
Hizbollah dispara 250 foguetes e mísseis contra Israel; ataques aéreos israelenses matam pelo menos 17 no Líbano
Críticas internas sobre ação de Israel aumentam; governo diz que tropas ficam no Líbano até chegada da força internacional
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TEL AVIV
Israel e o Hizbollah intensificaram ontem os ataques, um
dia antes do início do cessar-fogo aprovado pelos dois lados e
pela ONU. Ataques aéreos de
Israel mataram ao menos 17
pessoas no Líbano, incluindo
duas crianças, e a milícia xiita
disparou mais de 250 foguetes
e mísseis contra o país, matando um homem de 83 anos e ferindo outras três pessoas com
gravidade. Israel afirmou ter
derrubado, no ar, duas aeronaves não-tripuladas do Hizbollah carregadas com explosivos.
O aumento dos ataques é comum nas últimas horas antes
do cessar-fogo. Como também
são comuns as violações e os
enfrentamentos terrestres, que
devem continuar. Israel afirma
que vai agir se julgar que há perigo às suas tropas, ou de disparos contra o país. O Hizbollah
promete continuar atacando
até que o último soldado israelense deixe o território libanês,
mas o líder Hassan Nasrallah
afirmou que vai suspender os
disparos de mísseis se a Força
Aérea de Israel deixar de bombardear o Líbano.
O cessar-fogo formal entra
em vigor às 8h locais (2h de
Brasília), com cerca de 30 mil
soldados israelenses em uma
faixa de até 20 km no sul do Líbano a partir da fronteira e com
o Hizbollah ainda em condições de disparar contra Israel e
com tropas bem treinadas e
equipadas nas aldeias onde há
presença israelense.
"Israel vai sair junto com o
envio do Exército libanês ao
sul, ao lado da força internacional", afirmou a chanceler Tzipi
Livni.
Até que isso aconteça, os israelenses afirmam que vão respeitar o cessar-fogo, mas responder a ataques e a ameaças, e
também devem manter os ataques contra veículos suspeitos
de transportarem armas e suprimentos para o Hizbollah.
O gabinete de Israel aprovou
formalmente ontem, por 24 votos a 9, com uma abstenção, a
proposta de cessar-fogo. Antes
disso, na sexta-feira, o país triplicou o número de soldados no
sul do Líbano. "Não teríamos
tido sucesso na criação de um
acordo favorável a Israel sem a
operação lançada na sexta-feira", disse o ministro da Defesa,
Amir Peretz.
Mas a nova operação provocou mais críticas ao governo do
premiê Ehud Olmert, que vem
sendo atacado por causa da
sensação de fracasso da ofensiva militar, devido à continuidade dos disparos de foguetes do
Hizbollah e da falta de notícias
sobre os soldados seqüestrados
pelo grupo em 12 de julho.
Se até a semana passada havia consenso político em torno
da operação militar, agora a esquerda afirma que o envio de
mais soldados os coloca em risco e amplia a guerra, e a direita
afirma que isso deveria ter sido
feito já na primeira semana de
conflito.
Desde o início dos confrontos, há pouco mais de um mês,
784 pessoas morreram do lado
libanês, e 148 do lado israelense. Entre os cinco militares israelenses mortos ontem nos
combates com o Hizbollah no
sul do Líbano estava Uri Grossman, filho do escritor e ativista
da paz David Grossman, que na
quinta-feira fez um apelo público pelo fim da guerra.
Segundo a ONU, desde anteontem, cinco bombardeios
israelenses atingiram áreas da
Unifil (forças da ONU no Líbano). Os ataques não deixaram
vítimas, apenas destruição.
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