|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Postos refletem ênfase na relação sul-sul
No governo Lula, Itamaraty abriu 29 novas representações, a maioria na África, América Latina e Ásia
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil nunca teve tantos
postos diplomáticos no exterior como no atual governo.
Desde 2003 foram abertos ou
estão em processo de abertura
29 novos postos, a maioria em
países em desenvolvimento.
As novas investidas do Itamaraty mostram a ênfase do
governo na chamada diplomacia sul-sul, que prioriza relações com países da América Latina, África e Ásia. Com essa estratégia, até o final do ano, o
país terá 167 postos no exterior.
De olho em apoio para conseguir um assento permanente
em uma eventual reforma do
Conselho de Segurança da
ONU, parceiros para as negociações comerciais multilaterais e novos mercados, o governo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva tem dado atenção
especial à África, onde visitou
17 países em cinco viagens e onde já abriu ou vai inaugurar 12
postos diplomáticos.
O governo vê interesses estratégicos em todos os postos.
Os críticos consideram dispersão de gastos e recursos diplomáticos e vêem interesse em
acomodar diplomatas.
De acordo com o Itamaraty,
hoje mais de 53% das exportações brasileiras são para países
em desenvolvimento. Em
2002, eram 43%.
"O estreitamento dessas relações ajuda a compor forças e
reforça a unidade dos países em
desenvolvimento", afirma o
ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. "Vivem nos
criticando, mas, se não tivéssemos aberto um consulado em
Beirute recentemente, teríamos problemas para retirar e
prestar assistência aos brasileiros no atual conflito."
Na descrição estratégica do
Itamaraty há também razões
menos pragmáticas. Por exemplo, no Benin um dos motivos é
a ligação histórica com o país
desde 1830, quando escravos
alforriados retornaram e formaram a elite política local.
A África também tem sido
considerado um continente estratégico pela China, por causa
das reservas de matérias-primas. Em seis meses, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, fez três viagens pelo continente, que recebeu também a
visita do presidente, Hu Jintao.
Outra região visada pelo Itamaraty foi o Oriente Médio. Há
um ano, o governo investiu R$
6,6 milhões na Cúpula América
do Sul-Países Árabes, em Brasília. Entre os novos postos, três
estão na região.
O Congresso autorizou a realização de concursos para a
contratação de mais 400 diplomatas nos próximos quatro
anos. O governo aumentou o
orçamento do Itamaraty, um
dos menores, e elevou a dotação de R$ 1,2 bilhão em 2002
para R$ 1,8 bilhão em 2005.
Neste ano, foi de R$ 1,6 bilhão.
Não foi feito um levantamento sobre os custos dos novos
postos. "Custa muito mais não
ter quando precisamos", diz
Amorim.
Por restrições orçamentárias, em 1999 o então chanceler
Luiz Felipe Lampreia fechou 18
postos no exterior. Na avaliação do ex-ministro, os critérios
devem ser mais seletivos.
"Não é abrindo embaixadas
que se faz diplomacia. O critério deve ser cada vez menos político e cada vez mais de racionalidade administrativa."
Texto Anterior: A íntegra da mensagem de Fidel Castro Próximo Texto: Críticos temem prejuízo a relações com ricos Índice
|