São Paulo, terça-feira, 14 de agosto de 2007

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análise

Cresce sombra do vice sobre o presidente

DE WASHINGTON

No curioso zoológico em que se transformou a Casa Branca de George W. Bush, o presidente "pato manco" está cada vez mais isolado e sob a influência de seu vice-presidente, o "falcão" Dick Cheney. Isso só se agrava com a saída de Karl Rove, apelidado "o cérebro de Bush" por seus críticos, alcunha reforçada pelo título de um documentário sobre o assessor.
"Falcões" são como são chamados os entusiastas da solução bélica para os impasses da política externa norte-americana. "Pato manco" é o termo usado para definir o ocupante da Casa Branca entre o dia da eleição de seu sucessor e o da transmissão do cargo, intervalo de dois meses e meio em que o presidente tem o poder de direito, mas não mais o de fato. Geralmente, o vice é o candidato natural a sucessão, o que vitamina a reta final.
Não é o caso aqui, com Cheney fora da disputa, por falta de saúde e interesse. O que não quer dizer que ele não mantenha em alta a influência sobre o ocupante da cadeira principal. Artífice tanto da guerra quanto do arcabouço jurídico antiterror que ampliou os poderes presidenciais de forma inédita, o vice dividia com Rove o posto de principal conselheiro de Bush.
Karl Christian Rove nasceu em Denver em 1954. Sua carreira política e a vida de Bush se cruzariam por acaso, quando o assessor trabalhava para Bush pai, já um cacique republicano, em 1973. Em novembro daquele ano, o hoje ex-presidente pediu a seu então auxiliar que levasse as chaves de um carro para seu filho, que visitava a família em uma folga em Harvard. Rove foi conquistado pelo que chamou de "enorme carisma" do futuro presidente.
A partir de então e com o passar dos anos, Rove passaria por todos os estágios dos bastidores da política, até se consolidar, no fim dos anos 80, começo dos 90, como um dos principais estrategistas do país. Um ano depois de ajudar na fracassada campanha pela reeleição de Bush pai em 1992, passou a trabalhar com o atual presidente, em sua campanha vitoriosa ao governo do Texas.
Nunca mais se separaram. Com a ascensão de George W. Bush, Rove viu seu negócio como estrategista florescer. O auge se deu no discurso de vitória de 2004, quando o presidente o agradeceu chamando-o de "arquiteto". Pouco antes, passara a participar também da formulação de políticas governamentais. Até a derrota de 2006. Otimista ao extremo, ganhou do presidente o apelido "Turd Blossom", ou "flor do esterco", por fazer de notícias ruins bons resultados. Com sua saída, Cheney amplia sua sombra. (SD)


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