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análise
Cresce sombra do vice sobre o presidente
DE WASHINGTON
No curioso zoológico em
que se transformou a Casa
Branca de George W.
Bush, o presidente "pato
manco" está cada vez mais
isolado e sob a influência
de seu vice-presidente, o
"falcão" Dick Cheney. Isso
só se agrava com a saída de
Karl Rove, apelidado "o
cérebro de Bush" por seus
críticos, alcunha reforçada
pelo título de um documentário sobre o assessor.
"Falcões" são como são
chamados os entusiastas
da solução bélica para os
impasses da política externa norte-americana. "Pato
manco" é o termo usado
para definir o ocupante da
Casa Branca entre o dia da
eleição de seu sucessor e o
da transmissão do cargo,
intervalo de dois meses e
meio em que o presidente
tem o poder de direito,
mas não mais o de fato.
Geralmente, o vice é o candidato natural a sucessão,
o que vitamina a reta final.
Não é o caso aqui, com
Cheney fora da disputa,
por falta de saúde e interesse. O que não quer dizer
que ele não mantenha em
alta a influência sobre o
ocupante da cadeira principal. Artífice tanto da
guerra quanto do arcabouço jurídico antiterror que
ampliou os poderes presidenciais de forma inédita,
o vice dividia com Rove o
posto de principal conselheiro de Bush.
Karl Christian Rove
nasceu em Denver em
1954. Sua carreira política
e a vida de Bush se cruzariam por acaso, quando o
assessor trabalhava para
Bush pai, já um cacique republicano, em 1973. Em
novembro daquele ano, o
hoje ex-presidente pediu a
seu então auxiliar que levasse as chaves de um carro para seu filho, que visitava a família em uma folga em Harvard. Rove foi
conquistado pelo que chamou de "enorme carisma"
do futuro presidente.
A partir de então e com o
passar dos anos, Rove passaria por todos os estágios
dos bastidores da política,
até se consolidar, no fim
dos anos 80, começo dos
90, como um dos principais estrategistas do país.
Um ano depois de ajudar
na fracassada campanha
pela reeleição de Bush pai
em 1992, passou a trabalhar com o atual presidente, em sua campanha vitoriosa ao governo do Texas.
Nunca mais se separaram. Com a ascensão de
George W. Bush, Rove viu
seu negócio como estrategista florescer. O auge se
deu no discurso de vitória
de 2004, quando o presidente o agradeceu chamando-o de "arquiteto".
Pouco antes, passara a
participar também da formulação de políticas governamentais. Até a derrota de 2006. Otimista ao
extremo, ganhou do presidente o apelido "Turd
Blossom", ou "flor do esterco", por fazer de notícias ruins bons resultados.
Com sua saída, Cheney
amplia sua sombra.
(SD)
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