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Venezuela nega desculpas à Argentina
Para Caracas, responsabilidade no caso do venezuelano que foi pego em Buenos Aires com US$ 800 mil é individual
Na Argentina, o caso tem sido usado pela oposição para criticar a candidatura da primeira-dama, Cristina Kirchner, à Presidência
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O governo venezuelano rechaçou ontem o pedido da Argentina para que se desculpasse pelo escândalo envolvendo o
empresário flagrado com quase
US$ 800 mil no aeroporto de
Buenos Aires. O caso tem sido
usado pela oposição para atacar
a candidatura presidencial da
primeira-dama, Cristina Fernández de Kirchner.
"Se o delito é cometido em
conivência com funcionários
públicos, o Estado tampouco
tem de assumir a responsabilidade, porque a responsabilidade penal é individual", disse o
ministro do Interior venezuelano (Justiça), Pedro Carreño.
Segundo o governo argentino, o empresário venezuelano
Guido Alejandro Antonini Wilson, que se identificou como
dono da maleta, deixou Caracas
num avião fretado pela empresa argentina Enarsa a pedido de
funcionários e do filho de um
vice-presidente da estatal
PDVSA, os quais também estavam na aeronave.
A apreensão, feita pela Aduana argentina, ocorreu no último dia 4, dois dias antes da visita de Hugo Chávez à Argentina.
Na sexta-feira, depois de demitir um de seus principais assessores por suposto envolvimento, o ministro do Planejamento argentino, Julio de Vido,
e o chefe-de-gabinete da Presidência, Alberto Fernández, cobraram desculpas e explicações
de Caracas.
Embora Cristina Kirchner
siga à frente nas pesquisas para
a eleição do dia 28 de outubro, o
governo de seu marido se vê envolvido em uma série de escândalos com altos funcionários. A
imprensa local tem afirmado
que o governo Kirchner espera
um "gesto forte" de Chávez
com relação ao caso da mala.
Na Venezuela, nenhum dos
funcionários do governo que
estavam no avião se pronunciou até agora. A PDVSA se limitou a informar que iniciaria
uma investigação própria.
"Não entendo qual é o escândalo comunicacional porque
um cidadão ia com uma mala",
disse Carreño. "Ele que assuma
a sua responsabilidade e, caso
se demonstre que essa maleta
saiu do país e não declarou
mais de US$ 10 mil, se abrirá o
processo judicial e se imporá
sua responsabilidade."
Dez dias após a apreensão da
mala, a ação está paralisada na
Justiça argentina: ontem, o juiz
Diego Zysman se negou a assumir a causa depois que a juíza
original, Marta Novatti, pediu
afastamento.
Zysman considerou "débeis"
os motivos de Novatti para
abandonar a causa -no fim da
semana passada, a juíza havia
pedido para deixar o caso por
razões de "delicadeza e decoro", depois de ter sido acusada
pelo diretor da Alfândega de ter
determinado que o caso fosse
tratado como uma simples "infração aduaneira" e assim permitido que Wilson deixasse a
Argentina sem ser detido.
Com a recusa de Zysman, caberá ao plenário da Câmara Penal e Econômica decidir que
juiz deverá comandar a investigação. O paradeiro de Wilson é
desconhecido desde que ele
deixou Buenos Aires, na última
terça-feira.
Colaborou RODRIGO RÖTZCH, de Buenos Aires
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