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Parlamento britânico propõe diálogo com radicais islâmicos
Comissão legislativa critica atuação do governo com relação ao Hamas, ao Hizbollah e à egípcia Irmandade Muçulmana
Relatório elaborado por parlamentares da Câmara dos Comuns britânica vai na direção contrária às políticas da UE, dos EUA e de Israel
DA REDAÇÃO
Em uma direção contrária à
adotada até o momento por Estados Unidos, União Européia e
Israel, parlamentares britânicos defenderam em relatório
divulgado ontem uma reaproximação do Reino Unido com
grupos radicais islâmicos no
Oriente Médio -incluindo o
movimento palestino Hamas.
O relatório, elaborado pelo Comitê de Assuntos Exteriores da
Câmara dos Comuns britânica,
diz que o isolamento do Hamas
é "contraproducente" e dificulta o processo de paz regional.
O Hamas é alvo de um boicote internacional desde sua vitória nas eleições palestinas, em
janeiro de 2006.
A chancelaria britânica reagiu ao relatório afirmando que
"está pronta para responder a
qualquer movimento significativo feito pelo Hamas". O órgão
insistiu, porém, que o diálogo
deverá ter como base a renúncia à violência, o reconhecimento do direito de existência
de Israel e o compromisso com
acordos de paz anteriores.
As três exigências são rejeitadas pelo Hamas, que tem como
um de seus fundamentos o não-reconhecimento de Israel.
Em uma tentativa de pôr fim
ao boicote, o Hamas chegou a
aceitar formar um governo de
coalizão com a facção rival Fatah, grupo laico considerado
mais moderado, mas o acordo
fracassou em junho último. O
resultado é um racha que isolou
o Hamas na faixa de Gaza.
Enquanto os EUA, Israel e a
União Européia consideram o
Hamas um grupo terrorista e
rejeitam negociações diretas, o
relatório britânico abre uma
brecha para o fim do isolamento. "Dado o fracasso do boicote
em conseguir resultados, recomendamos que o governo considere urgentemente formas de
negociar com elementos moderados do Hamas", diz o texto.
Os parlamentares defendem
um esforço para formar um novo governo de unidade entre o
Hamas e o Fatah.
O relatório também diz que o
Reino Unido errou ao se unir ao
embargo contra o Hamas mesmo depois que o grupo concordou em formar um governo de
coalizão com o Fatah.
Mundo árabe
O texto defende ainda a aproximação do governo britânico
com o movimento radical xiita
Hizbollah no Líbano e com a Irmandade Muçulmana no Egito.
"A Irmandade Muçulmana é
forte no Egito, e o Hamas e o
Hizbollah não podem ser ignorados." Diplomatas britânicos
devem negociar com elementos moderados desses grupos e
continuar a envolver o Irã e a
Síria nas políticas para a região,
segue o relatório.
Apesar das recomendações,
os parlamentares também não
pouparam os radicais de críticas. O papel do Hizbollah no Líbano foi descrito como "maligno", e o partido de oposição
egípcio Irmandade Muçulmana -que, embora ilegal desde
1954, ainda é o maior do país-
teria "objetivos incertos".
Apoio e crítica
O relatório britânico também questiona as políticas externas da Casa Branca em outras partes do Oriente Médio.
Para o comitê, o plano dos
EUA para a paz no Oriente Médio, conhecido como Mapa do
Caminho, tornou-se irrelevante, e a estratégia atual para a
ação no Iraque, com aumento
no número de soldados, provavelmente fracassará.
O relatório não é a única voz
dissonante na Europa. O premiê da Itália, Romano Prodi,
afirmou no último domingo
que é preciso reabrir o diálogo
com o Hamas. "O Hamas existe.
É uma estrutura complexa que
devemos ajudar a desenvolver", afirmou.
Com agências internacionais
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