São Paulo, sexta-feira, 14 de agosto de 2009

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Na Venezuela, chavistas atacam opositores de nova lei de educação

Doze jornalistas ficaram feridos; Congresso votaria projeto na noite de ontem

Divulgação/"Ultimas Noticias"
Chavistas agridem jornalistas que protestavam contra artigo de projeto de nova lei de educação

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Dois protestos contra o governo Hugo Chávez foram reprimidos com jatos de água, pauladas e gás lacrimogêneo ontem em Caracas. Simultaneamente, a Assembleia Nacional, controlada pelo governismo, se reuniu para votar a controvertida nova Lei Orgânica de Educação (LOE).
No caso mais grave, 12 jornalistas ficaram feridos após serem atacados a socos e pauladas por supostos militantes enquanto distribuíam panfletos contra a nova lei de educação. O ataque ocorreu no início da tarde, na movimentada avenida Urdaneta.
Todos os jornalistas pertenciam à cadeia Capriles, grupo que controla o jornal de maior circulação nacional, "Últimas Notícias". O diário é dirigido pelo jornalista Eleazar Diáz Rangel, próximo a Chávez.
Dos 12 feridos, 8 tiveram de passar por atendimento médico. O caso mais grave é do repórter de política Marcos Ruiz. Segundo a colega Sharay Angulo, que estava no protesto, ele foi atacado a golpes de taco de beisebol e sofreu politraumatismo (lesões provocadas por forte impacto).
O grupo de 25 jornalistas protestava contra o artigo 50 da LOE, que limitaria o direito à liberdade de expressão. Diz o texto do projeto de lei: "Os que dirigem os meios de comunicação estão obrigados a dar sua cooperação na tarefa educativa e a ajustar a sua programação para o sucesso dos fins e objetivos consagrados na Constituição e na lei".
Segundo o ministro da Educação, Héctor Navarro, a LOE não limita a liberdade de expressão, só prevê que os estudantes sejam "vacinados" para conseguir identificar manipulações de informação dos meios de comunicação. Ele defende que a análise do noticiário seja parte do currículo escolar.
Diante da Assembleia Nacional, um grupo de manifestantes contrários à lei foi reprimido com jatos de água e bombas de gás lacrimogêneo. Não houve relato de feridos.
A oposição acusa o governo Chávez de querer usar a nova lei para acabar com as autonomias universitárias (muitas universidades públicas têm reitores antichavistas) e de implantar um currículo "socialista", apesar de essa palavra não constar no projeto.
O governo Chávez nega as acusações e diz que as autonomias das universidades serão respeitadas. Anteontem, o ministro Navarro afirmou que as eventuais divergências serão resolvidas pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), órgão máximo do Judiciário controlado por juízes pró-governo.
Até o fechamento desta edição, a Assembleia Nacional não havia terminado de votar a LOE.


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