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Brasil fez "apelo" por iraniana, diz chanceler
Celso Amorim diz que caso é questão interna e, por isso, não é passível de negociação
ANDRÉ LOBATO
DE SÃO PAULO
MÁRIO SÉRGIO LIMA
DE BRASÍLIA
O chanceler Celso Amorim
disse ontem que a oferta do
Brasil de asilo à iraniana Sakineh Ashtiani, condenada a
morrer apedrejada pelo crime de adultério, "não é uma
negociação", e sim "um apelo", uma vez que Teerã possui autonomia para agir como achar melhor.
Ontem, após falar a alunos
da USP, Amorim afirmou que
o caso de Sakineh é diferente
do da francesa Clotilde Reiss,
que foi libertada no Irã após
dez meses de prisão por espionagem, graças a apelo do
presidente Lula durante visita ao país, em maio passado.
"É uma situação diferente.
Claro que [o caso Sakineh]
choca a sensibilidade nossa.
Mas é uma situação iraniana.
No outro caso, era uma cidadã estrangeira, o que nos dava margem de negociação."
Sobre as alegações do embaixador iraniano em Brasília, Mohsen Shaterzadeh, de
que não recebera pedido formal de asilo, o ministro disse
que "o que o embaixador
brasileiro diz a seu interlocutor em outro país é oficial".
Amorim disse ainda que
evita "comentar comentários
do que acontece ou deixa de
acontecer". "Isso não acrescenta em nada", completou,
em referência ao mal-estar
gerado pelas declarações.
EXPORTAÇÕES
A Caixa Econômica Federal deverá ser a responsável
por administrar uma linha de
financiamento à exportação
de carnes ao Irã. Segundo
fontes do governo, o país deve usar linhas de crédito com
recursos do Proex (Programa
de Financiamento à Exportação) para pagar exportadores
que negociem com o Irã.
Pelo acordo, o Tesouro Nacional assumiria os riscos da
operação, fazendo o empréstimo e vendendo os títulos ao
governo iraniano. Os importadores, quando depositassem o dinheiro da transação,
passariam a verba à Caixa,
que pagaria o Tesouro.
O acordo, que ainda está
sendo traçado, não desrespeita as sanções impostas a
Teerã pela ONU. Mas instituições financeiras no Brasil receiam represálias dos EUA e
da Europa, no caso de operacionalizarem as negociações.
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