São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2010

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Brasil fez "apelo" por iraniana, diz chanceler

Celso Amorim diz que caso é questão interna e, por isso, não é passível de negociação

ANDRÉ LOBATO
DE SÃO PAULO
MÁRIO SÉRGIO LIMA
DE BRASÍLIA

O chanceler Celso Amorim disse ontem que a oferta do Brasil de asilo à iraniana Sakineh Ashtiani, condenada a morrer apedrejada pelo crime de adultério, "não é uma negociação", e sim "um apelo", uma vez que Teerã possui autonomia para agir como achar melhor.
Ontem, após falar a alunos da USP, Amorim afirmou que o caso de Sakineh é diferente do da francesa Clotilde Reiss, que foi libertada no Irã após dez meses de prisão por espionagem, graças a apelo do presidente Lula durante visita ao país, em maio passado.
"É uma situação diferente. Claro que [o caso Sakineh] choca a sensibilidade nossa. Mas é uma situação iraniana. No outro caso, era uma cidadã estrangeira, o que nos dava margem de negociação."
Sobre as alegações do embaixador iraniano em Brasília, Mohsen Shaterzadeh, de que não recebera pedido formal de asilo, o ministro disse que "o que o embaixador brasileiro diz a seu interlocutor em outro país é oficial".
Amorim disse ainda que evita "comentar comentários do que acontece ou deixa de acontecer". "Isso não acrescenta em nada", completou, em referência ao mal-estar gerado pelas declarações.

EXPORTAÇÕES
A Caixa Econômica Federal deverá ser a responsável por administrar uma linha de financiamento à exportação de carnes ao Irã. Segundo fontes do governo, o país deve usar linhas de crédito com recursos do Proex (Programa de Financiamento à Exportação) para pagar exportadores que negociem com o Irã.
Pelo acordo, o Tesouro Nacional assumiria os riscos da operação, fazendo o empréstimo e vendendo os títulos ao governo iraniano. Os importadores, quando depositassem o dinheiro da transação, passariam a verba à Caixa, que pagaria o Tesouro.
O acordo, que ainda está sendo traçado, não desrespeita as sanções impostas a Teerã pela ONU. Mas instituições financeiras no Brasil receiam represálias dos EUA e da Europa, no caso de operacionalizarem as negociações.


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