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EUA têm ato neonazi anti-imigração
Movimento se alia a radicais da Ku Klux Klan para protestar contra ilegais, hoje, em Knoxville (Tennessee)
Grupos defendem a expulsão de latinos, asiáticos e negros, e a criação de uma "nação de puro sangue branco"
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
No meio da tarde, centenas de neonazistas e racistas
da Ku Klux Klan marcham
empunhando suásticas no
centro de Knoxville, Tennessee. Não, não estamos na era
da segregação. O evento está
marcado para hoje.
O partido neonazista Movimento Nacional Socialista
(NSM, na sigla em inglês) e os
ultrarradicais da KKK -grupo que cometeu uma série de
assassinatos e atrocidades
contra negros no século passado, quando lutava contra o
fim da segregação e o movimento de direitos civis- embarcaram juntos na onda do
movimento anti-imigração
que se espalha em solo americano, participando de uma
série de atos pelo endurecimento das leis contra ilegais.
O tema da imigração não é
novidade para os dois grupos, mas os holofotes crescentes induziram a um aumento no número de marchas nos últimos meses.
Só neste ano, o NSM afirma já ter feito cerca de 15 protestos em várias cidades
americanas.
Para a marcha marcada
para 15h de hoje em Knoxville (16h em Brasília), a expectativa é de 350 participantes.
Se a penetração não é significativa em termos populacionais, as ações chocam pela tranquilidade com que se
pregam o racismo e a segregação à luz do dia, em pleno
século 21. E chamam atenção
no momento em que o debate
sobre o que é "ser americano" esquenta.
"Não toleramos a invasão
estrangeira de nosso país.
Devolver os "criminosos" a
seus países é a única coisa
que aceitaremos", diz o NSM.
PURO SANGUE BRANCO
Imigrantes indocumentados não são os únicos que o
partido quer "devolver". O
principal objetivo do NSM é
criar uma "nação de puro
sangue branco", em que apenas arianos de ascendência
europeia seriam cidadãos.
O resto -negros, latinos,
asiáticos etc.- seria enviado
para a África, América Latina
ou onde quer que os arianos
julguem ser seu lugar.
Charles Wilson, porta-voz
do NSM, manifestou vontade
inclusive de deportar esta repórter. "Você não prefere voltar a seu país e ser governada
por sua própria gente?"
O NSM também se disse
"satisfeito" em anunciar que
haverá uma cerimônia de
hasteamento de suásticas.
"O que eu digo para quem
critica a suástica é: vá estudar", disse Wilson. "É um
símbolo religioso, é como colocar uma cruz na rua. É muito anterior a Hitler."
Não que tal associação seja um problema. O NSM diz
que Hitler "estava certo em
muitas coisas".
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