|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Reformar UE é um erro, afirma Ségolène
Em Bruxelas, pré-candidata socialista à Presidência da França diz que exclusão da Turquia do bloco europeu seria "desastrosa"
DA REDAÇÃO
A pré-candidata socialista à
Presidência da França, Ségolène Royal, disse ontem em Bruxelas ser contrária a uma reforma da União Européia e à exclusão da Turquia do bloco.
As declarações foram uma
resposta direta de Ségolène a
seu maior rival na disputa presidencial, o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, que na última semana defendeu um "minitratado" para "relançar" a UE
e a suspensão das negociações
para a adesão turca ao bloco.
Apesar de afirmar que a exclusão da Turquia seria "desastrosa", a socialista foi dúbia sobre a questão, não descartando
a possibilidade de uma associação em lugar de uma adesão
plena do vizinho.
"Qualquer declaração brutal
como a que ouvimos de rejeitar
a Turquia teria efeitos desastrosos, mas, ao mesmo tempo,
penso que temos de ver a realidade das preocupações de que a
Europa tenha fronteiras estáveis enquanto faz parcerias",
afirmou.
A proposta de reforma de
Sarkozy, pré-candidato pela
União por um Movimento Popular (conservadora), prevê a
adoção de um "minitratado"
como alternativa à Constituição européia, rejeitada em plebiscito na França e na Holanda.
O tratado poria fim aos vetos
nacionais e mudaria o sistema
de votação do bloco -para
maioria "superqualificada" de
até 80% dos votos em vez de
unanimidade, como é hoje. Outra mudança seria fixar as fronteiras externas da UE para limitar uma futura expansão.
Europa à prova
"É um erro propor uma reforma das instituições antes de
definir as ações européias e o
futuro da Europa", afirmou Ségolène. "É preciso pôr a Europa
à prova."
Segundo ela, o bloco deve primeiro convencer seus cidadãos
de que vai proteger seus empregos e seu padrão de vida e
investir em pesquisa e inovação. "Só depois disso é que vamos conseguir explicar que
uma reforma das instituições é
necessária."
A cautela de Ségolène tem
explicação. O Partido Socialista
enfrentou um racha interno sobre a Constituição européia,
com a ala mais à esquerda, liderada pelo então premiê Laurent Fabius, defendendo o
"não" no referendo de 2005.
Entre outros pontos, a carta
daria à UE um presidente e um
chanceler por prazo longo, um
sistema de votação simplificado e ampliaria a adoção de decisões por voto majoritário.
Os socialistas tampouco estão unidos em torno da candidatura de Ségolène à sucessão
de Jacques Chirac, apesar de as
pesquisas apontarem seu favoritismo. São pelo menos cinco
os representantes da velha
guarda socialista -os chamados "elefantes"- que se apresentaram extra-oficialmente
como pré-candidatos e abriram
uma campanha para desqualificar Ségolène. Até mesmo seu
marido está na disputa.
O principal argumento dos
"elefantes" contra a pré-candidata é que ela pretende "liberalizar" a plataforma socialista, a
exemplo do que fez o premiê
Tony Blair com o Trabalhismo
britânico, cujo apoio interna
está hoje em queda livre.
Essas divisões, porém, têm
um precedente desagradável.
Em 2002, Lionel Jospin foi
derrotado no primeiro turno
por Chirac e pelo candidato da
extrema-direita Jean-Marie Le
Pen, com magros 17%.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Atirador mata um e fere 19 em escola de Montreal Próximo Texto: Colômbia: Ex-paramilitar diz ter sido protegido por serviço secreto Índice
|