São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 2006

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Reformar UE é um erro, afirma Ségolène

Em Bruxelas, pré-candidata socialista à Presidência da França diz que exclusão da Turquia do bloco europeu seria "desastrosa"

DA REDAÇÃO

A pré-candidata socialista à Presidência da França, Ségolène Royal, disse ontem em Bruxelas ser contrária a uma reforma da União Européia e à exclusão da Turquia do bloco.
As declarações foram uma resposta direta de Ségolène a seu maior rival na disputa presidencial, o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, que na última semana defendeu um "minitratado" para "relançar" a UE e a suspensão das negociações para a adesão turca ao bloco.
Apesar de afirmar que a exclusão da Turquia seria "desastrosa", a socialista foi dúbia sobre a questão, não descartando a possibilidade de uma associação em lugar de uma adesão plena do vizinho.
"Qualquer declaração brutal como a que ouvimos de rejeitar a Turquia teria efeitos desastrosos, mas, ao mesmo tempo, penso que temos de ver a realidade das preocupações de que a Europa tenha fronteiras estáveis enquanto faz parcerias", afirmou.
A proposta de reforma de Sarkozy, pré-candidato pela União por um Movimento Popular (conservadora), prevê a adoção de um "minitratado" como alternativa à Constituição européia, rejeitada em plebiscito na França e na Holanda.
O tratado poria fim aos vetos nacionais e mudaria o sistema de votação do bloco -para maioria "superqualificada" de até 80% dos votos em vez de unanimidade, como é hoje. Outra mudança seria fixar as fronteiras externas da UE para limitar uma futura expansão.

Europa à prova
"É um erro propor uma reforma das instituições antes de definir as ações européias e o futuro da Europa", afirmou Ségolène. "É preciso pôr a Europa à prova."
Segundo ela, o bloco deve primeiro convencer seus cidadãos de que vai proteger seus empregos e seu padrão de vida e investir em pesquisa e inovação. "Só depois disso é que vamos conseguir explicar que uma reforma das instituições é necessária."
A cautela de Ségolène tem explicação. O Partido Socialista enfrentou um racha interno sobre a Constituição européia, com a ala mais à esquerda, liderada pelo então premiê Laurent Fabius, defendendo o "não" no referendo de 2005.
Entre outros pontos, a carta daria à UE um presidente e um chanceler por prazo longo, um sistema de votação simplificado e ampliaria a adoção de decisões por voto majoritário.
Os socialistas tampouco estão unidos em torno da candidatura de Ségolène à sucessão de Jacques Chirac, apesar de as pesquisas apontarem seu favoritismo. São pelo menos cinco os representantes da velha guarda socialista -os chamados "elefantes"- que se apresentaram extra-oficialmente como pré-candidatos e abriram uma campanha para desqualificar Ségolène. Até mesmo seu marido está na disputa.
O principal argumento dos "elefantes" contra a pré-candidata é que ela pretende "liberalizar" a plataforma socialista, a exemplo do que fez o premiê Tony Blair com o Trabalhismo britânico, cujo apoio interna está hoje em queda livre.
Essas divisões, porém, têm um precedente desagradável. Em 2002, Lionel Jospin foi derrotado no primeiro turno por Chirac e pelo candidato da extrema-direita Jean-Marie Le Pen, com magros 17%.


Com agências internacionais

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