São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE

Em visita a Reino Unido, papa deve tratar de casos de abusos

JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Bento 16 chegará depois de amanhã ao Reino Unido para visita de quatro dias para cumprir agenda que valoriza temas políticos e apostólicos -aquecimento global e diálogo com a Igreja Anglicana-, mas dificilmente escapará dos escândalos de pedofilia que, ao explodirem, têm marcado seu pontificado.
O papa visitará a Escócia e a Inglaterra. Não irá, contudo, à Irlanda do Norte, província britânica em que católicos (40%) e protestantes mantêm frágil acordo de paz.
Mas que foi sobretudo contaminada pelo barulho provocado na vizinha República da Irlanda, com a demissão de bispos e a punição de clérigos acusados de abuso de menores ou acobertamento.
Na sexta, o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, disse ser possível que o papa encontre vítimas de padres pedófilos. Tem sido rotina nas viagens pontificais ao exterior (Austrália e Malta, só em 2010). Mas o encontro seria discreto para não eclipsar o resto do roteiro oficial.
Papas raramente frequentam terras britânicas. Excetuado Adriano 4º, o único inglês a se tornar pontífice no século 13, há como único precedente a viagem de seis dias de João Paulo 2º em 1982.
Foi, mesmo assim, um ato oficioso, a convite da comunidade católica. Desta vez o papa desembarca como chefe de Estado. Na quinta, uma hora após aterrissar na cidade escocesa de Edimburgo, sua primeira escala, receberá no palácio de Holyroodhouse a visita de Elizabeth 2ª.
Segundo o Vaticano, o papa fará 14 pronunciamentos. Inevitável que em alguns deles entre em choque com a hierarquia anglicana, em razão da recente autorização para o ordenamento de mulheres ou da aceitação de homossexuais como bispos.
São temas sensacionais o bastante para relegar às simples formalidades diplomáticas a agenda bilateral. Ela insiste, por exemplo, na afinidade entre Londres e o Vaticano nas políticas de combate à pobreza ou contra emissões de gases de efeito estufa.
Se na sexta o papa fará visita ao arcebispo de Cantuária, chefe espiritual dos anglicanos; dois dias depois estará presidindo, em Birmingham, a beatificação de John Henry Newman (1801-1890), brilhante protestante em Oxford que se converteu ao catolicismo e se tornou cardeal.
Newman não é apenas um personagem importantíssimo para a minoria católica britânica (4,2 milhões, numa população de 61 milhões). Para o papa, representa o catolicismo da mais pura ortodoxia. Bem distante do abuso sexual de menores em seminários e colégios católicos.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Argentina: TV a cabo do Grupo Clarín teme intervenção do governo de Cristina
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.