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ANÁLISE
Em visita a Reino Unido, papa deve tratar de casos de abusos
JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Bento 16 chegará depois
de amanhã ao Reino Unido
para visita de quatro dias para cumprir agenda que valoriza temas políticos e apostólicos -aquecimento global e
diálogo com a Igreja Anglicana-, mas dificilmente escapará dos escândalos de pedofilia que, ao explodirem, têm
marcado seu pontificado.
O papa visitará a Escócia e
a Inglaterra. Não irá, contudo, à Irlanda do Norte, província britânica em que católicos (40%) e protestantes
mantêm frágil acordo de paz.
Mas que foi sobretudo contaminada pelo barulho provocado na vizinha República
da Irlanda, com a demissão
de bispos e a punição de clérigos acusados de abuso de
menores ou acobertamento.
Na sexta, o porta-voz da
Santa Sé, Federico Lombardi, disse ser possível que o
papa encontre vítimas de padres pedófilos. Tem sido rotina nas viagens pontificais ao
exterior (Austrália e Malta, só
em 2010). Mas o encontro seria discreto para não eclipsar
o resto do roteiro oficial.
Papas raramente frequentam terras britânicas. Excetuado Adriano 4º, o único inglês a se tornar pontífice no
século 13, há como único precedente a viagem de seis dias
de João Paulo 2º em 1982.
Foi, mesmo assim, um ato
oficioso, a convite da comunidade católica. Desta vez o
papa desembarca como chefe de Estado. Na quinta, uma
hora após aterrissar na cidade escocesa de Edimburgo,
sua primeira escala, receberá
no palácio de Holyroodhouse a visita de Elizabeth 2ª.
Segundo o Vaticano, o papa fará 14 pronunciamentos.
Inevitável que em alguns deles entre em choque com a
hierarquia anglicana, em razão da recente autorização
para o ordenamento de mulheres ou da aceitação de homossexuais como bispos.
São temas sensacionais o
bastante para relegar às simples formalidades diplomáticas a agenda bilateral. Ela insiste, por exemplo, na afinidade entre Londres e o Vaticano nas políticas de combate à pobreza ou contra emissões de gases de efeito estufa.
Se na sexta o papa fará visita ao arcebispo de Cantuária, chefe espiritual dos anglicanos; dois dias depois estará presidindo, em Birmingham, a beatificação de John
Henry Newman (1801-1890),
brilhante protestante em Oxford que se converteu ao catolicismo e se tornou cardeal.
Newman não é apenas um
personagem importantíssimo para a minoria católica
britânica (4,2 milhões, numa
população de 61 milhões).
Para o papa, representa o catolicismo da mais pura ortodoxia. Bem distante do abuso sexual de menores em seminários e colégios católicos.
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