São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2011

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Chefe do FMI aprova compra de títulos europeus por Brics

Em conversa com a participação da Folha, diretora-gerente Lagarde afirma que relatório do Fundo mostrará desaceleração de emergentes

DE WASHINGTON

O Fundo Monetário Internacional aprova a ideia dos países emergentes de comprar títulos da dívida de países europeus para conter a derrocada dos papéis e dos mercados, mas a chefe do órgão, Christine Lagarde, diz ser preciso que a ação não se limite a países mais sólidos.
"É interessante ver os emergentes querendo comprar bônus europeus. Mas, se for para comprar só da Alemanha e do Reino Unido, como tenho visto, não acho que seja difícil, nem que seja um grande risco", disse. "Espero que, se essa for a política escolhida, ela abranja um espectro amplo, e não se limite apenas a papéis mais seguros que outros."
Lagarde não listou países, mas os títulos que preocupam o mercado vêm da Grécia, Espanha, Itália e Portugal. A diretora-gerente, que assumiu o posto em julho, falou ontem em Washington, a um grupo restrito de jornalistas que incluiu a Folha. O Brasil e os demais países dos Brics (China, Índia, Rússia e África do Sul) estudam uma ação conjunta para conter a deterioração da situação da dívida europeia.
Ontem, o ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou em Brasília que uma reunião sobre o tema acontecerá na próxima semana na capital americana -na véspera do encontro anual do FMI, entre os próximos dias 23 e 25.
Para Lagarde, que chamou o ministro de "bom amigo", a iniciativa "sintetiza como o Brasil, assim como outros emergentes, recebeu um fluxo maciço de capital externo e agora procura opções de onde colocar o dinheiro".
A declaração realça um risco constantemente apontado por ela e pelo fundo -o de superaquecimento das economias emergentes.

MENOS CRESCIMENTO
Ontem, porém, apesar de reiterar que o cenário de risco persiste, a número 1 do FMI anunciou que o Fundo reduziu as projeções de crescimento para esses países.
"Os emergentes continuam em melhor forma, mas já não estão tão bem como inicialmente se pensava", disse. "Vocês verão no nosso próximo relatório, na semana que vem, que a desaceleração nas economias mais avançadas já os atingiu."
Lagarde enfatizou ainda que, para o FMI, os emergentes também devem adotar políticas monetárias sólidas, ainda que com adaptações. Ela repetiu que é preciso equilibrar necessidade de crescimento à pressão sobre inflação e câmbio causada pelos dólares de investidores temerosos do futuro da economia da Europa e dos EUA.
Francesa, Lagarde disse que quer ver uma maior consolidação fiscal na Europa, e pediu ação dos governos -algo que tem alimentado uma crise política em vários membros da União Europeia, especialmente na Alemanha.
"O Fundo tem chamado a atenção dos governos e dos países: é preciso uma ação coletiva e que ressoe." Ela não quis estimar o risco de um calote grego, mas informou que há três especialistas do Fundo "em campo", para avaliar e assessorar o governo em Atenas.
(LC)


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