São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2011

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Palestino quer o apoio de Dilma em abertura da ONU

Embaixador no Brasil pede que discurso da presidente na semana que vem ajude reconhecimento de Estado

Ibrahim al Zeben diz que 130 países apoiam a criação da Palestina; EUA deverão vetar o reconhecimento, porém

ISABEL FLECK
DE SÃO PAULO

O embaixador palestino no Brasil, Ibrahim al Zeben, espera que, quando a presidente Dilma Rousseff fizer o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, no dia 21, consiga pôr um fim à "etapa Osvaldo Aranha" do Brasil -referência à criação de Israel, em 1948, depois de a ONU aprovar projeto de partilha da Palestina quando o ex-chanceler brasileiro era presidente da Assembleia Geral do órgão.
À Folha, o diplomata disse que seu governo pediu ajuda ao Brasil para "convencer" outros países sobre o reconhecimento do Estado palestino, que será votado na semana que vem pela ONU. Ele agradeceu o apoio de 35 entidades brasileiras, que organizaram uma passeata para o dia 20 na Praça Ramos de Azevedo, em São Paulo.

 


Folha - Como membro do Conselho de Segurança, o Brasil tem ajudado os palestinos para o reconhecimento na ONU?
Ibrahim al Zeben -
Nós solicitamos ao Brasil e aos nossos amigos que usem seus bons ofícios para convencer outros países de seguir adiante nesta estratégia [de reconhecer o Estado palestino]. O Brasil é um país que tem uma grande influência.

O senhor espera que a presidente Dilma demonstre seu apoio no discurso de abertura?
Sim. Esperamos que seja o fim da "etapa Osvaldo Aranha" e o início da "etapa Dilma Rousseff". Em 1947, Aranha recomendou a partilha da Palestina que criou Israel e não conseguiu criar a Palestina. Temos esperança que agora o Estado da Palestina será criado e admitido.

Qual o peso do apoio organizado por grupos sociais e políticos no Brasil?
É uma mensagem da sociedade de que o povo brasileiro, representado por essas entidades, está a favor da criação do Estado da Palestina.

Como será feito o pedido de reconhecimento, já que há a ameaça de veto dos EUA?
A solicitação ainda será feita ao Conselho de Segurança, para sermos integrados como o 194° Estado da ONU. A Assembleia Geral será o segundo passo, qualquer que seja a resposta do Conselho. Mas uma resolução da Assembleia nos dará status de Estado não membro.

O que muda do status de observador para "não membro"?
Já não seremos mais a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), mas o Estado da Palestina. Passaremos a ser reconhecidos como um Estado, que tem o território ocupado pela força.

Qual o apoio que a Palestina já tem na Assembleia?
Podemos assegurar que contamos com maioria absoluta de mais de 130 países. E ainda temos mais dez dias.

Como está hoje a estrutura do Estado palestino?
Os três poderes existem sob a Autoridade Palestina, e o Banco Mundial reconheceu, em maio, que o Estado palestino já está pronto para se autogovernar.

Como criar um Estado com relações conturbadas com o Hamas [grupo islâmico]?
A reconciliação com o Hamas é importante, mas esse pode ser um passo paralelo.


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