São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

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TERROR

Ninguém reivindicou autoria de ataques, que deixaram 300 feridos; principal suspeito é grupo supostamente ligado à Al Qaeda

Mortos em atentado em Bali chegam a 183

Achmad Ibrahim/Associated Press
Pessoas tentam identificar cadáveres de amigos e familiares mortos em explosão de casa noturna anteontem na praia de Kuta (Bali)


DA REDAÇÃO

As explosões de anteontem na ilha de Bali (Indonésia) deixaram ao menos 183 mortos, a maioria dos quais estrangeiros, e 300 feridos, afirmou ontem a polícia. O sargento brasileiro Marco Antônio Farias, que estava de folga em Bali, está entre os desaparecidos.
Nenhum grupo assumiu a autoria do ataque, mas as suspeitas recaíam sobre um grupo extremista islâmico baseado na Indonésia e supostamente ligado à rede terrorista Al Qaeda, o Jemaah Islamiyah (leia texto nesta página).
Funcionários de hospitais lotados em Bali lutavam para tratar centenas de feridos, muitos dos quais com graves queimaduras causadas pela explosão em Kuta. Medicamentos básicos, como analgésicos, estavam em falta.
Cadáveres de vítimas, cobertos por lençóis brancos, enchiam os corredores do necrotério do maior hospital de Bali, e parentes de desaparecidos tentavam identificar os corpos. A Austrália enviou aviões a Bali para buscar cidadãos com ferimentos leves.
A explosão mais forte de anteontem destruiu totalmente a casa noturna Sari, na praia de Kuta, muito popular entre turistas e surfistas jovens do mundo todo, especialmente australianos.
A polícia indonésia afirmou que havia diversos turistas australianos, britânicos, franceses, alemães e suecos entre os 183 mortos e 300 feridos no ataque em Kuta.
Em um ataque simultâneo, uma bomba explodiu a 50 m do consulado honorário dos EUA em Denpasar (capital de Bali), perto de Kuta, mas não deixou vítimas.
Horas antes, uma bomba explodira perto do consulado das Filipinas na ilha indonésia de Sulawesi, mas ninguém ficou ferido.
Diversos países condenaram o atentado, entre temores de que a Al Qaeda tenha se reagrupado (leia texto à pág. seguinte).
A presidente da Indonésia, Megawati Sukarnoputri, foi a Bali ontem após convocar uma reunião de emergência e afirmou que as explosões eram uma advertência de que o terrorismo era uma ameaça à segurança nacional.
"O governo da Indonésia continuará a cooperar com a comunidade internacional para combater o terrorismo", afirmou Megawati.
Acompanhada por vários ministros, ela visitou os destroços do Sari antes de visitar um hospital.
Megawati não disse quem poderiam ser os suspeitos pelo atentado, mas o chanceler australiano, Alexander Downer, apontou para o grupo extremista islâmico Jemaah Islamiyah, acusado de planejar ataques contra alvos ocidentais em Cingapura em 2001. "O Jemaah Islamiyah tem relações com a Al Qaeda, e é possível que uma organização como essa esteja por trás desse atentado", disse.
Os EUA e Cingapura, que deteve recentemente dezenas de supostos membros do grupo, têm pressionado a Indonésia a prender seu suposto líder, o clérigo muçulmano Abu Bakar Bashir.
Mas, ontem, Bashir culpou os EUA pelos ataques. "Indonésios não têm explosivos tão poderosos", afirmou. "Acho que os EUA estão por trás das explosões, pois sempre dizem que a Indonésia é parte de uma rede terrorista."
A Indonésia é o país com a maior população muçulmana do mundo e enfrenta choques religiosos e separatistas.
O premiê australiano, John Howard, disse à presidente Megawati, por telefone, que "gostaria de ver um esforço máximo do governo indonésio para lidar com o problema do terrorismo dentro de suas próprias fronteiras".
Autoridades indonésias disseram que soldados haviam sido mobilizados a centros de distribuição de gás e petróleo, alguns operados por multinacionais, para evitar ataques terroristas.


Com agências internacionais



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