São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

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VENEZUELA

Passeata comemorou seis meses de golpe fracassado contra o governo e foi resposta a manifestação da oposição na quinta

Marcha pró-Chávez leva milhares às ruas de Caracas

DA REDAÇÃO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, liderou ontem uma passeata de milhares de pessoas em Caracas. Os manifestantes comemoraram os seis meses do golpe fracassado de 11 de abril, quando Chávez foi afastado da Presidência, mas voltou ao poder cerca de 48 horas depois, e foi uma resposta à marcha da oposição na última quinta-feira.
Chávez disse que o número de manifestantes ultrapassou os 2 milhões: "É um rio humano". "Setores minoritários de oligarcas loucos não querem entender a vontade do povo. O povo, então, tem de impor a sua vontade."
A oposição só reconheceu que "dezenas de milhares" tenham participado da passeata. Não havia ontem estimativas independente sobre o comparecimento.
Várias crianças estavam vestidas "à la Chávez", com uniforme militar e boina vermelha.
Além de muitas bandeiras da Venezuela, estandartes com as figuras de Chávez, de Simón Bolívar, herói nacional da independência, e de Ernesto Che Guevara, revolucionário argentino-cubano, eram comuns.
Luis Alfonso Dávila, dirigente do Movimento Quinta República, de apoio ao presidente, disse que, "diferentemente da marcha da oposição da semana passada, esta gente [da marcha de ontem" tem unidade de propósitos e de liderança". A referência de Dávila foi uma provocação às correntes que disputam a direção da oposicionista Coordenação Democrática.
Adotando um discurso conciliador, Dávila afirmou que "chegou a hora de acabar com os conflitos entre os venezuelanos". "Há uma grande força aqui e uma grande força por parte da oposição. Precisamos da união para buscar o melhor para o país."
Nas bandeiras e nos estandartes carregados pelos manifestantes era possível identificar símbolos representando todos os Estados da Venezuela e associações de estudantes e indígenas.

Apoio e ameaça de greve
"Se houver uma eleição, ganharemos de novo", disse Edith Soto, 36, operária da indústria têxtil, respondendo aos pedidos da oposição para que o governo renuncie e convoque eleições. O mandato de Chávez termina em 2007.
"Nós somos a maioria. Viva Chávez!", dizia uma das faixas carregadas pelos manifestantes; "com Chávez presidente até o ano 2021", dizia outra.
"Ortega, este povo está a favor de Chávez, não de seus sequazes", gritou ao microfone um dos organizadores da marcha.
A referência era ao secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores da Venezuela -maior sindicato do país-, Carlos Ortega, que prometeu liderar uma greve geral no dia 21. Ele tem o apoio da Fedecámaras, principal entidade patronal venezuelana.
Os oposicionistas afirmam que o presidente desvia recursos do petróleo -principal produto do país- para Cuba e que tenta impor um governo ditatorial e desastroso. Chávez afirma que desafia os interesses e os privilégios de uma oligarquia corrupta que domina há séculos o país.

Viagem
Chávez embarca hoje para a Europa. Seu roteiro inclui um discurso na FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), em Roma, um encontro com o presidente Jacques Chirac, em Paris, uma conferência na Universidade Oxford, no Reino Unido, e encontros com autoridades norueguesas, em Oslo. O presidente só retorna a Caracas no sábado.


Com agências internacionais


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