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Plano prevê governo norte-irlandês em 2007
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
Os governos britânico e irlandês anunciaram ontem
um cronograma para a restauração de um Poder Executivo autônomo, dividido
entre católicos e protestantes, na Irlanda do Norte.
Apresentado pelos premiês Tony Blair (Reino Unido) e Bertie Ahern (Irlanda),
o plano prevê um novo governo compartilhado na Irlanda do Norte a partir de 27
de março de 2007. O poder
será dividido entre o Sinn
Fein (católico) e o Partido
Democrata Unionista (protestante), que têm até 10 de
novembro para responder à
proposta. Se um lado discordar, as negociações serão
suspensas e o país seguirá
sob governo do Reino Unido.
Blair afirmou que os dois
pontos principais para a restauração são a aceitação das
autoridades da polícia e do
Judiciário por todos os partidos e um acordo claro para a
divisão do poder entre eles.
Segundo o premiê britânico, o plano também precisa
ser endossado por meio de
eleição ou referendo.
"Já discutimos muitas vezes partes diferentes desse
processo nos últimos anos,
mas acho que esta é uma base razoável", disse Blair.
"Creio que temos todos os
elementos para satisfazer as
principais exigências", afirmou Ahern. "Pode não ser o
que cada um considera perfeito, mas é um balanço justo
e sustentável", completou.
Segundo o texto oficial, "as
transformações advindas do
fim das campanhas do IRA
[Exército Republicano Irlandês, ligado ao Sinn Fein] dão
a base para um acordo político". Na semana passada, a
comissão que monitora a atividade paramilitar na Irlanda do Norte afirmou que o
IRA havia desmontado sua
estrutura militar e não recorreria mais ao terrorismo.
A ênfase na necessidade de
reconhecer as autoridades
policial e Judiciária na Irlanda do Norte, atualmente a
cargo do Reino Unido, é um
recado ao Sinn Fein, que há
décadas se opõe aos dois poderes. Em troca, o líder dos
unionistas, Ian Paisley, pediria a seu partido que o elegesse junto com um representante do Sinn Fein para chefiar a nova administração.
Protestantes e católicos
governaram o país conjuntamente após os acordos de
paz da Sexta-Feira Santa, em
1998. Mas a Assembléia da
Irlanda do Norte foi suspensa em outubro de 2002, após
os unionistas acusarem os
republicanos de espionagem.
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