São Paulo, quarta-feira, 14 de outubro de 2009

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China e Rússia selam acordo de gás

Em cerimônia com viés político, Putin anuncia futura venda de 70 bi de m3 de combustível a Pequim

Russo diz que cooperação é "importante" elemento de estabilidade global e detém "colegas temperamentais", em suposta alusão aos EUA


DA REDAÇÃO

Rússia e China estreitaram ontem seus laços políticos e econômicos com o anúncio de um volumoso -ainda que preliminar- acordo, pelo qual a estatal russa Gazprom venderá 70 bilhões de metros cúbicos de gás à CNPC (China National Petroleum Corp.) por ano.
Em Pequim, o premiê Vladimir Putin disse que a aproximação ajudará a conter outras forças, no que foi considerada uma alusão velada aos EUA.
O acordo pode fazer da China -que necessita de energia para suprir sua economia em expansão- a principal compradora de gás natural da Rússia, que é a maior produtora mundial da commodity e sofre duramente com a crise econômica global.
Putin citou ontem a cooperação como o "mais importante" elemento de estabilidade global. "China e Rússia têm políticas externas pacíficas. Não temos tropas no exterior. A posição conjunta em algumas questões detém alguns de nossos colegas mais temperamentais", disse, em suposta referência aos EUA, que pressionam Pequim e Moscou por posições mais duras em oposição ao Irã e à Coreia do Norte.
Segundo a Rússia, o fornecimento de gás deve começar em 2014 ou 2015, por um novo gasoduto que passará pela Sibéria, e as negociações sobre preço ocorrerão no início de 2010.
Moscou e Pequim também anunciaram outros acordos, que incluem uma joint venture de uma refinaria perto de Pequim e convênios empresariais de US$ 3,5 bilhões.
Por trás dos acordos e dos votos de amizade está a tentativa de fazer contrapeso ao poder americano, mas China e Rússia também divergem entre si. Um acordo anterior de venda de petróleo ocorreu sob intensas disputas por preço, o que pode se repetir na negociação de gás. Os países também disputam influência na Ásia Central, tradicional esfera de influência russa e região rica em combustível.

Gás à Europa
Em outra corrida energética, um novo gasoduto que ligará a Rússia à Alemanha, pelo mar Báltico, provoca temores entre os países do Leste Europeu.
O suprimento de gás à Europa Ocidental passa hoje pelas ex-repúblicas soviéticas do Leste Europeu. Se Moscou pressioná-las reduzindo o abastecimento de gás, automaticamente afetará o oeste da Europa, mais rico e influente.
Porém, com a ligação direta entre Rússia e Alemanha, o abastecimento de leste e oeste europeus seria independente. Como consequência, segundo apurou o "New York Times", a Rússia pode lançar mão com mais frequência do controle do abastecimento de gás para pressionar politicamente o Leste Europeu.
"Antes [a Rússia usava] tanques, hoje, combustível", disse um ex-chefe de Inteligência da Polônia. Já a Gazprom alega que o gasoduto tem fins meramente comerciais.

Com agências internacionais



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