São Paulo, quarta-feira, 14 de outubro de 2009

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Irã abre investigação contra ex-candidato que denunciou abusos

Candidato derrotado Mehdi Karubi afirmou que oposicionistas presos sofreram tortura e estupros

DA REDAÇÃO

Autoridades iranianas abriram ontem uma investigação contra o clérigo reformista Mehdi Karubi, que denunciou abusos cometidos contra oposicionistas presos durante os protestos que se seguiram à reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em junho.
Nenhuma acusação formal foi apresentada, mas o inquérito sinaliza que as lideranças islâmicas poderiam recorrer aos tribunais contra líderes dissidentes, como Karubi -que ficou em quarto lugar na eleição- e o também candidato derrotado e oposicionista Mir Hossein Mousavi.
Eles afirmaram que a eleição presidencial foi fraudada para garantir a reeleição de Ahmadinejad, o que gerou inúmeros protestos contra o resultado do pleito. Milhares de oposicionistas foram presos, acusados de tentar enfraquecer o governo.
Em agosto, Karubi causou um forte debate ao afirmar que forças de segurança cometeram, dentro das prisões, abusos sexuais e tortura contra alguns dos manifestantes detidos.
As autoridades rechaçaram as acusações. No mês passado, um comitê especial de investigação rejeitou as alegações e anunciou que qualquer um que repetisse tais afirmações seria acusado de difamação.
Os protestos pós-eleitorais colocaram o Irã em meio à mais profunda crise interna desde a Revolução Islâmica de 1979, o que fez o governo reagir de forma violenta. A oposição afirma que mais de 70 pessoas foram mortas, mas as autoridades confirmam 36 mortos.

Fuga
A repressão às manifestações também fez com que dezenas de repórteres, fotógrafos e blogueiros deixassem ou tentassem deixar o Irã desde junho, segundo o "New York Times".
A onda de fuga -que, segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras, é a maior desde 1979- reflete a angústia de muitos jornalistas que continuaram informando o mundo sobre os protestos em entrevistas por telefone, internet ou enviando fotos a agências de notícias, mesmo após terem sido alertados para não fazê-lo.
O governo iraniano, que fechou ao menos seis jornais nos últimos três meses, acusa a mídia e o Ocidente de estarem por trás dos protestos pós-eleição no país. Na semana passada, o presidente Ahmadinejad afirmou que a imprensa é uma grande arma, "pior do que as armas nucleares".

Com agências internacionais e o "New York Times"



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