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Irã abre investigação contra ex-candidato que denunciou abusos
Candidato derrotado Mehdi Karubi afirmou que oposicionistas presos sofreram tortura e estupros
DA REDAÇÃO
Autoridades iranianas abriram ontem uma investigação
contra o clérigo reformista
Mehdi Karubi, que denunciou
abusos cometidos contra oposicionistas presos durante os
protestos que se seguiram à
reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em junho.
Nenhuma acusação formal
foi apresentada, mas o inquérito sinaliza que as lideranças islâmicas poderiam recorrer aos
tribunais contra líderes dissidentes, como Karubi -que ficou em quarto lugar na eleição- e o também candidato
derrotado e oposicionista Mir
Hossein Mousavi.
Eles afirmaram que a eleição
presidencial foi fraudada para
garantir a reeleição de Ahmadinejad, o que gerou inúmeros
protestos contra o resultado do
pleito. Milhares de oposicionistas foram presos, acusados de
tentar enfraquecer o governo.
Em agosto, Karubi causou
um forte debate ao afirmar que
forças de segurança cometeram, dentro das prisões, abusos
sexuais e tortura contra alguns
dos manifestantes detidos.
As autoridades rechaçaram
as acusações. No mês passado,
um comitê especial de investigação rejeitou as alegações e
anunciou que qualquer um que
repetisse tais afirmações seria
acusado de difamação.
Os protestos pós-eleitorais
colocaram o Irã em meio à mais
profunda crise interna desde a
Revolução Islâmica de 1979, o
que fez o governo reagir de forma violenta. A oposição afirma
que mais de 70 pessoas foram
mortas, mas as autoridades
confirmam 36 mortos.
Fuga
A repressão às manifestações
também fez com que dezenas
de repórteres, fotógrafos e blogueiros deixassem ou tentassem deixar o Irã desde junho,
segundo o "New York Times".
A onda de fuga -que, segundo a ONG Repórteres Sem
Fronteiras, é a maior desde
1979- reflete a angústia de
muitos jornalistas que continuaram informando o mundo
sobre os protestos em entrevistas por telefone, internet ou enviando fotos a agências de notícias, mesmo após terem sido
alertados para não fazê-lo.
O governo iraniano, que fechou ao menos seis jornais nos
últimos três meses, acusa a mídia e o Ocidente de estarem por
trás dos protestos pós-eleição
no país. Na semana passada, o
presidente Ahmadinejad afirmou que a imprensa é uma
grande arma, "pior do que as armas nucleares".
Com agências internacionais
e o "New York Times"
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