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IRAQUE NA MIRA
Chanceler iraquiano entrega carta ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan; EUA reagem com ceticismo
Bagdá diz que aceita a resolução da ONU
DA REDAÇÃO
O Iraque disse ontem que aceitou a nova resolução do Conselho
de Segurança adotada na sexta-feira, que dá a Bagdá a "oportunidade final" para cooperar com
inspetores de armas da ONU e se
desarmar ou enfrentar "sérias
consequências".
"Informamos por meio desta
que lidaremos com a resolução
1441, apesar de seu conteúdo
ruim", afirmou o chanceler iraquiano Naji Sabri em carta de oito
páginas ao secretário-geral da
ONU, Kofi Annan.
O Parlamento iraquiano recomendara anteontem ao ditador
Saddam Hussein que a resolução
fosse rejeitada.
A carta foi entregue pelo embaixador do Iraque na ONU, Mohammed Aldouri, em resposta à
resolução do CS, aprovada unanimemente, que dava ao Iraque
uma semana -até amanhã- para aceitá-la.
Sabri acusou os EUA e o Reino
Unido, que propuseram a resolução, de manipular a opinião mundial para atingir seus interesses e
ajudar Israel, país ao qual se referiu como "entidade sionista".
"As mentiras e as manipulações
do governo americano e do governo britânico serão expostas,
enquanto o mundo verá o quão
verdadeiros e corretos são os iraquianos no que dizem e fazem",
afirmou Sabri na carta.
Aldouri disse que seu país havia
concordado com a medida para
evitar um ataque dos EUA. "É
parte de nossa política proteger
nosso país, proteger nossa região
da ameaça da guerra, que é real."
Os EUA reagiram com ceticismo. Scott McClellan, porta-voz da
Casa Branca, afirmou: "Já ouvimos isso antes de Saddam e do regime iraquiano. Agora, queremos
ver ações de Saddam. O ônus continua recaindo sobre Saddam."
Após reunir-se com Annan em
Washington, o presidente George
W. Bush disse: "O mundo espera
que Saddam Hussein se desarme
em nome da paz. A ONU cumpriu suas responsabilidades."
Um grupo de técnicos da ONU
deve chegar a Bagdá na segunda-feira para preparar as inspeções,
que devem começar em uma ou
duas semanas. Eles serão acompanhados pelo chefe dos inspetores da ONU, Hans Blix, e do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed el Baradei.
Na carta, Sabri negou que o Iraque tenha desenvolvido armas de
destruição em massa, "sejam elas
nucleares, químicas ou biológicas, como alegam pessoas más".
O próximo passo é a submissão
pelo Iraque de "uma declaração
precisa, integral e completa" até 8
de dezembro de todos os seus
programas químicos, biológicos e
nucleares, incluindo os que o país
alega não serem relacionados à
produção de armas, e de mísseis
de longo alcance.
Segundo Sabri, o Iraque dará
atenção à conduta dos inspetores,
incluindo a dos "mal-intencionados", para garantir que respeitem
"a dignidade, a independência e a
segurança" do país. O Iraque expulsou os inspetores em 1998,
acusando-os de espiões.
"Estamos ansiosos para vê-los
cumprir seus deveres de acordo
com as leis internacionais, o
quanto antes", disse Sabri. "Se
eles o fizerem, de forma profissional e legal, sem nenhuma intenção premeditada, suas mentiras
serão expostas à opinião pública."
Ele disse que o Conselho teria
então o dever de levantar as sanções contra o Iraque, impostas
após o país ter invadido o Kuait,
em 1990. O chanceler iraquiano
também observou que a resolução 687 de cessar-fogo da Guerra
do Golfo (91) exigia que o Oriente
Médio ficasse livre de armas de
destruição em massa e que a cláusula deveria ser aplicada a Israel.
"O número de pessoas justas no
mundo vai então aumentar, e isso
possibilitará que o Iraque afaste o
grasnado dos corvos do mal que
diariamente invadem seu território, matam iraquianos e destroem
sua propriedade com suas bombas", disse o chanceler.
O atual presidente do Conselho,
o chinês Yishan Zhang, disse que
o órgão estava satisfeito com a
"decisão correta" do Iraque.
O chanceler da Rússia, Igor Ivanov, disse: "Estávamos confiantes
de que o Iraque tomaria essa decisão, que abre caminho para uma
decisão política da situação".
O líder da Liga Árabe, o egípcio
Amr Moussa, afirmou que a aceitação era um "desenvolvimento
importante na direção da solução
do problema atual via ONU".
Com agências internacionais
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