São Paulo, domingo, 14 de novembro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Mil insurgentes morreram e 200 foram presos, afirma gestão interina iraquiana; reforço é enviado a Mossul

Iraque diz que completou ação em Fallujah

DA REDAÇÃO

O governo interino do Iraque anunciou ontem que a ofensiva militar para retomar Fallujah das mãos da insurgência foi completada com sucesso, deixando um saldo de ao menos mil insurgentes mortos e 200 capturados.
"A Operação Al Fajr foi cumprida. O que restaram são bolsões malignos com os quais estamos lidando agora", disse o assessor de Segurança Nacional do Iraque, Qassem Dawoud.
"O número de terroristas e militantes leais a [o ex-ditador Saddam] Hussein mortos alcançou mais de mil. Quanto a detidos, o número é de 200 pessoas."
Dawoud disse porém que o terrorista jordaniano Abu Musab Al Zarqawi, o mais procurado pelos EUA no Iraque, "escapou".
O combate em Fallujah deixou 22 soldados americanos e cinco iraquianos mortos. Outros 170 soldados americanos foram feridos, segundo o Exército.
A ofensiva ainda prosseguiu ontem no sul de Fallujah, onde as forças americanas e iraquianas lançaram um ataque maciço. "É um ataque amplo contra todo o fronte do sul", disse o coronel Michael Formica.
Um oficial americano afirmou que os EUA esperam retomar completamente, dentro de 72 horas, a área de Queens, que os americanos acreditam servir de base para militantes leais a Zarqawi.
"O que estamos vendo em Queens são militantes estrangeiros que foram ficando para trás, sabendo que vão morrer em batalha", disse o major Clark Watson. "Neste momento, eles estão montando forte resistência."
Segundo a rede de TV Al Jazira, os insurgentes seqüestraram um membro da Guarda Nacional iraquiana perto de Fallujah e ameaçam matá-lo. Em vídeo apresentado pela emissora e cuja autoria foi assumida pelo grupo Brigadas da Revolução de 1920, um homem vendado aparece cercado por três homens encapuzados. Os seqüestradores não fizeram nenhuma exigência.
Ontem, pela primeira vez desde o início da ofensiva, a organização humanitária Crescente Vermelho conseguiu entrar em Fallujah com ajuda para a população.

Mais violência
Em seu programa semanal de rádio, o presidente dos EUA, George W. Bush disse que as forças americanas e iraquianas, "lutando juntas, estão fazendo progresso significativo". Mas alertou que a violência deve crescer à medida que se aproxima a data prevista para as eleições, em janeiro.
"O desespero dos assassinos vai aumentar e a violência pode se expandir. O sucesso da democracia no Iraque seria um golpe duro às forças do terror e os terroristas sabem disso", disse Bush.
Ontem, o Exército dos EUA deslocou um batalhão de infantaria de Fallujah para Mossul, a terceira maior cidade do país, onde os choques contra a insurgência se intensificaram desde quinta-feira.
Conflitos também irromperam em ao menos quatro bairros de Bagdá, Ramadi, Hawija e Tal Afar.
Em Samarra, ao norte de Bagdá, disparos de morteiro atingiram um bairro residencial, matando duas crianças e ferindo oito pessoas, segundo a polícia local. Testemunhas disseram acreditar que os disparos tinham como alvo uma base militar dos EUA.
A agência de notícias Reuters disse, com base em relatos de residentes, que os insurgentes já assumiram o controle de áreas ao sul e a oeste de Mossul e que há pouca presença de forças iraquianas e americanas.
Desde o início dos combates, ao menos 10 guardas nacionais iraquianos e um soldado americano morreram em Mossul, segundo fontes militares.
O Exército dos EUA negou, porém, ter perdido controle da cidade para a insurgência e disse que a situação estava mais calma, com combates esporádicos em algumas áreas.
"Não há combates generalizados", disse uma porta-voz militar, que também negou informação de um canal de TV árabe de que uma base americana no norte de Mossul teria sido invadida.
No leste de Mossul, um carro-bomba explodiu com a passagem de um comboio da Guarda Nacional iraquiana, segundo testemunhas. Não há informações sobre mortos ou feridos no episódio.
No sul de Bagdá, forças iraquianas prenderam três clérigos da Associação de Acadêmicos Islâmicos, o grupo sunita mais importante do Iraque, além de 20 de seus seguidores. Segundo o porta-voz da associação, Mohammed Bashar Al Faidhi, o xeque Mustafa Al Duleimi foi espancado e preso na noite de sexta. O clérigos Yehia Saleh e Ibrahim Mohammed também foram detidos.
Também no sul de Bagdá, Nouri Al Rubaie, prefeito xiita do distrito de Abu Dashir foi assassinado ontem por homens armados enquanto caminhava com sua família por uma rua movimentada. Ele era sucessor de um prefeito morto no início do ano.


Com agências internacionais

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