FREE-LANCE PARA A FOLHA

Muitos americanos acordaram frustrados no último dia 3. Na Costa Oeste dos EUA, ainda era manhã quando os números da votação em Ohio mostravam que George W. Bush levaria mais uma vez a Presidência. A diferença entre James, 20, e a maioria dos outros eleitores de Kerry é que, em suas próprias palavras, ele "costuma lidar com [seus] problemas criando sites na internet".
No dia seguinte à eleição, ele colocou no ar uma página simples. Sobre um fundo cinza e sob o título "Sorry Everybody" (desculpa a todos), ele pôs uma foto sua, em que aparecia segurando um caderno aberto em uma página com os seguintes dizeres, escritos à mão: "Desculpe mundo (nós tentamos). Metade da América".
James, que estuda neurociência na Universidade do Sul da Califórnia, mandou o link do site (www.sorryeverybody.com) apenas a amigos, mas, no mesmo dia, a página já figurava na lista dos dez sites mais citados do índice Blogdex (www.blogdex.com).
A partir de então, o estudante começou a receber centenas, e depois milhares, de fotos de outros americanos segurando cartazes com mensagens semelhantes à sua e resolveu colocá-las no ar.
Na última sexta-feira, quando James falou à Folha, por telefone, de Los Angeles, já havia 6.000 fotos no ar e mil na fila. Alguns dos cartazes são singelos, outros não economizam xingamentos aos eleitores de Bush, outros ainda pedem conselhos sobre como emigrar para o Canadá.
Há até fotos de pessoas de outros países dando apoio à iniciativa de James (segundo ele, o número de mensagens positivas vindas do Brasil, por exemplo, é particularmente alto).
A manutenção do site também se expandiu. Hoje, há pessoas em cinco cidades americanas e uma na Alemanha administrando a página. Além disso, James, que pediu para não ter seu sobrenome revelado, já recebeu cerca de US$ 7.000 em doações ao site. "Quase dá para pagar o custo de mantê-lo no ar", afirmou, que, segundo ele, chega a US$ 1.250 por dia.
Mas, como era de se esperar, nem todas as reações foram positivas. Metade das mensagens enviadas ao e-mail que aparece no site, afirmou, são negativas. Ao menos oito sites "de oposição" também foram criados mostrando pessoas segurando cartazes com mensagens de apoio a Bush (veja quadro ao lado).
"Já fui chamado de perdedor, traidor, idiota, hippie e mil outros adjetivos", disse. "Mas posso contar nos dedos de uma mão os e-mails negativos que recebi de não-americanos."
James diz que não esperava que seu site se tornasse um fenômeno. "Mas agora estamos pensando bem em qual será nosso próximo passo. Queremos aproveitar o capital político que acumulamos para promover um espírito de debate político divertido." (MB)


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