São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2006

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Blair defende participação do Irã em negociações e diz que precisa dos EUA

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES

O premiê britânico, Tony Blair, defendeu enfaticamente ontem a parceria do Reino Unido com os EUA e reafirmou a necessidade de que o Irã participe do processo de pacificação do Oriente Médio. Em discurso na Mansion House, em Londres, Blair classificou sua aliança com o governo Bush como "um feliz casamento entre convicção e realpolitik".
"Nós precisamos da América, isso é um fato", disse o premiê, afirmando que nenhum dos problemas globais -do terrorismo às mudanças climáticas- pode ser resolvido sem a participação dos EUA.
"Podemos concordar ou discordar da posição dos EUA sobre alguns desses temas, mas não conseguiremos resolvê-los sem o apoio do país. A aliança que o Reino Unido tem com os americanos deve continuar."
Refletindo sobre a derrota dos republicanos de Bush nas eleições legislativas nos EUA na semana passada, o premiê britânico criticou os que se dizem pró-América, mas anti-Bush: "Não nos enganemos: o 11 de Setembro teria mudado a política externa de qualquer presidente norte-americano".
Blair também reiterou sua estratégia "para todo o Oriente Médio" e afirmou que o aumento da violência no Iraque e no Afeganistão está sendo estimulado por forças externas, ligadas a um "terrorismo global".
"A violência não é um acidente ou resultado de falha de planejamento, mas uma estratégia deliberada para promover o ódio e a guerra civil", disse.
Buscando dissociar o discurso de uma suposta mudança na política externa causada pelo fracasso no Iraque, o premiê lembrou que a tentativa de diálogo com o Irã -e com a Síria, outro integrante do "eixo do mal" definido por Bush- vem de longa data.
Em junho passado, durante um discurso na Califórnia, Blair já havia mencionado que Teerã e Damasco deveriam optar entre exercer um papel positivo no Oriente Médio ou ficar isolados.
"O Irã tem um medo genuíno, mas equivocado, de que os EUA estejam atrás de uma solução militar para o país", disse. "O que nós todos queremos é que o Irã suspenda o processo de enriquecimento [de urânio] -que, se continuar, irá levar a uma arma nuclear."


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