São Paulo, quarta-feira, 14 de novembro de 2007

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Emergência é popular, diz ditador

DO "NEW YORK TIMES"

O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, defendeu vigorosamente sua declaração de um estado de emergência, em entrevista dada em Islamabad, insistindo em que isso não interferiria na realização de eleições livres e justas e descartando um apelo da secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, por sua suspensão.
Na entrevista, ele criticou a líder oposicionista Benazir Bhutto, afirmando que ela sempre procurava o confronto e que seria difícil trabalhar com ela: "A pessoa chega supostamente em clima de reconciliação e, pouco antes de aterrissar, começa a demonstrar um espírito de confronto".
O general descreveu o Paquistão como sofrendo de um "ambiente perturbado pelo terrorismo". Ele se recusou a dizer quando deixaria o comando do Exército, algo que o presidente George W. Bush o instou a aceitar na semana passada. "Isso acontecerá em breve", ele disse. O general Musharraf disse ainda que Bhutto estava sob prisão domiciliar por sete dias porque havia acusado o ministro-chefe da Província de Punjab, Chaudhry Pervez Elahi, de conspirar contra ela. Assim, Benazir teria sido colocada de castigo para prevenir um incidente pelo qual ela poderia culpar o governo.
Em reação à alegação da ex-premiê de que venceria as eleições com facilidade, o general disse que "veremos se ela vence". Mais tarde, ele declarou que, "constitucionalmente, a essa altura ela já foi primeira-ministra duas vezes; o que se pode dizer sobre um terceiro mandato? Ela não teria direito legal a isso, não teria direito constitucional a isso. Por que estamos considerando que o tem sem maiores discussões?".
O general Musharraf disse acreditar que o estado de emergência é popular. "O sentimento deles é o de que demoramos demais a fazer o que fizemos", afirmou. Sobre Benazir, disse ainda que o Ocidente interpreta mal seu grau de apoio porque dá importância demais aos defensores dos direitos humanos no Paquistão.
O general Musharraf afirmou que quase uma dúzia de estações de TV que haviam sido fechadas sob o decreto de emergência poderiam ser autorizadas a voltar ao ar, desde que concordassem com o código de conduta definido pelo governo.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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