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Consulta de 3º mandato de Uribe sofre revés
Para órgão eleitoral, campanha por referendo violou o teto de financiamento; cabe recurso à decisão
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Integrantes do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) da Colômbia declararam inválido o
processo de recolhimento de
assinaturas para o referendo
que, se aprovado, permitirá ao
presidente Álvaro Uribe concorrer a um terceiro mandato
em 2010. Para o órgão, a milionária campanha da iniciativa,
em 2008, não respeitou os limites legais de financiamento.
O revés para Uribe alvoroçou
a oposição, que pregava ontem
a derrota definitiva do referendo. No entanto, cabe recurso.
Além disso, a palavra final da
novela jurídica será dada pela
Corte Constitucional, que prevê decidir apenas em janeiro.
O tempo curto até a eleição é
considerado o principal obstáculo no caminho de Uribe. Pela
legislação, os candidatos a presidente têm de se inscrever até
12 de março para poder concorrer nas eleições de 30 de maio.
Se a consulta passar pelo tribunal, o presidente a convocará. Ao menos 25% do eleitorado
registrado tem de votar para
que o resultado seja válido.
Na noite de quinta-feira, os
integrantes do CNE afirmaram
que a campanha pró-referendo
violou o teto de financiamento
e também recomendaram a
abertura de investigação dos
promotores da iniciativa, reunidos na frente "Colômbia Primeiro", que inclui políticos e
grandes empreiteiros.
A decisão foi tomada por três
"cojuízes", sorteados pelo CNE
depois que não houve maioria
qualificada na votação sobre o
tema no plenário do órgão (formado por nove juízes).
Embora não definitiva, a sentença do CNE pode ser levada
em conta pela Corte Constitucional, que avaliará a legalidade
do processo -desde as assinaturas até a aprovação do referendo no Congresso- e a constitucionalidade da proposta.
"A corte pode considerar que
as irregularidades na campanha invalidam o processo inteiro, são um vício de trâmite insuperável", afirma o analista
Juan Fernando Londoño.
Para Londoño, o compasso
de espera joga a Colômbia num
limbo de incerteza institucional que só beneficia a Uribe: ele
não é obrigado a dizer que é
candidato nem a obedecer as
restrições impostas a eles, mas
pode se comportar como um.
Diante das críticas de juristas, uribistas dizem que o "Estado de opinião", amplamente
favorável a um terceiro mandato uribista, vale mais que as leis.
No Brasil, no mês passado,
Uribe afirmou que sua candidatura depende "da corte, do povo
e de Deus". "A questão é que
Deus está acima da corte. O que
importa é a opinião do presidente. Ele se crê um iluminado.
O único que pode vencer os
problemas da Colômbia", disse
à Folha o analista e jornalista
colombiano Armando Neira.
Ao contrário do que ocorreu
na vizinha Venezuela, analistas
financeiros estão torcendo para que o conservador Uribe
consiga um terceiro mandato e
continue seu programa pró-mercado, com ampla previsibilidade jurídica. "A maioria dos
investidores dão a reeleição de
Uribe como algo dado. Se eles
acordarem com a notícia contrária, pode haver uma grande
venda de títulos colombianos",
disse à Reuters Walter Molano,
do americano BCP Securities.
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