São Paulo, sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nome de Cristina foi gravado, dizem EUA

Segundo porta-voz da Procuradoria em Miami, presidente argentina foi citada por empresário detido na terça-feira

Advogados de acusados negam que eles tenham pressionado venezuelano-americano a esconder origem de dólares da mala

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

A informação de que os US$ 800 mil do caso da mala foram enviados pelo governo venezuelano à campanha de Cristina Kirchner à Presidência da Argentina foi obtida a partir de gravações de conversas entre o empresário venezuelano-americano Guido Antonini Wilson e os quatro homens -três empresários venezuelanos e um uruguaio- presos na terça-feira em Miami, disse ontem a Procuradoria Federal dos EUA.
"O procurador-federal [Thomas Mulvhill] disse em audiência [na quarta-feira] que há uma conversa gravada que mostra [o venezuelano Franklin] Durán dizendo que os US$ 800 mil eram para a campanha de Cristina", disse à Folha Alice Valle, porta-voz da Procuradoria em Miami.
A denúncia criminal apresentada a um tribunal de Miami contra os quatro, acusados de serem agentes do governo venezuelano, não menciona o nome de Cristina, citando "um candidato à eleição presidencial na Argentina". Mas o nome teria sido mencionado por Durán em 23 de agosto, nove dias depois da apreensão da mala, que estava com Wilson, no aeroporto de Buenos Aires.
As gravações das conversas entre Wilson, Durán e os demais presos -Moises Maionica, Carlos Kaufman e o uruguaio Rodolfo Wanseele Panciollo, todos radicados em Miami- teriam sido feitas durante contatos telefônicos entre eles e também em um almoço para o qual o próprio Wilson teria levado o gravador.
De acordo com a denúncia, os quatro e um quinto venezuelano foragido -Antonio José Canchica Gómez- estariam ameaçando Wilson para que ele não revelasse a origem do dinheiro. Eles citariam, nas conversas, o alto escalão do governo de Hugo Chávez, incluindo o Ministério da Justiça, o serviço de inteligência e a direção da petrolífera PDVSA.
Michael Hacker, advogado de Durán e Kaufman, disse ontem à Folha que as acusações são falsas. "Eles não têm nada a ver com essa história. O dinheiro que eles têm vem de investimento em petróleo em todo o mundo, não só na Venezuela. Eles não estão em Miami trabalhando pela Venezuela." Sobre a relação com Wilson, disse: "Eles são próximos, se conhecem há anos e anos".
A agência de notícias americana Associated Press (AP) descreve os quatro detidos como empresários que "prosperaram fazendo negócios com a estatal do petróleo venezuelano". Segundo a AP, tanto Franklin Durán quanto Carlos Kaufman são acionistas da petroquímica Venoco e Kaufman é sócio da Perforaciones Alboz, empresas que fazem negócios com a PDVSA.
"Os três são entusiastas de corridas de carros e competiram no rally Gumbal 300 na Europa", diz a agência.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Cuba: Músicos cubanos somem em Recife; polícia crê em deserção
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.