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Nome de Cristina foi gravado, dizem EUA
Segundo porta-voz da Procuradoria em Miami, presidente argentina foi citada por empresário detido na terça-feira
Advogados de acusados negam que eles tenham pressionado venezuelano-americano a esconder origem de dólares da mala
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
A informação de que os US$
800 mil do caso da mala foram
enviados pelo governo venezuelano à campanha de Cristina Kirchner à Presidência da
Argentina foi obtida a partir de
gravações de conversas entre o
empresário venezuelano-americano Guido Antonini Wilson
e os quatro homens -três empresários venezuelanos e um
uruguaio- presos na terça-feira em Miami, disse ontem a
Procuradoria Federal dos EUA.
"O procurador-federal [Thomas Mulvhill] disse em audiência [na quarta-feira] que há
uma conversa gravada que
mostra [o venezuelano Franklin] Durán dizendo que os US$
800 mil eram para a campanha
de Cristina", disse à Folha Alice Valle, porta-voz da Procuradoria em Miami.
A denúncia criminal apresentada a um tribunal de Miami contra os quatro, acusados
de serem agentes do governo
venezuelano, não menciona o
nome de Cristina, citando "um
candidato à eleição presidencial na Argentina". Mas o nome
teria sido mencionado por Durán em 23 de agosto, nove dias
depois da apreensão da mala,
que estava com Wilson, no aeroporto de Buenos Aires.
As gravações das conversas
entre Wilson, Durán e os demais presos -Moises Maionica, Carlos Kaufman e o uruguaio Rodolfo Wanseele Panciollo, todos radicados em Miami- teriam sido feitas durante
contatos telefônicos entre eles
e também em um almoço para
o qual o próprio Wilson teria
levado o gravador.
De acordo com a denúncia,
os quatro e um quinto venezuelano foragido -Antonio José Canchica Gómez- estariam
ameaçando Wilson para que
ele não revelasse a origem do
dinheiro. Eles citariam, nas
conversas, o alto escalão do governo de Hugo Chávez, incluindo o Ministério da Justiça, o serviço de inteligência e a
direção da petrolífera PDVSA.
Michael Hacker, advogado
de Durán e Kaufman, disse ontem à Folha que as acusações
são falsas. "Eles não têm nada a
ver com essa história. O dinheiro que eles têm vem de investimento em petróleo em todo o
mundo, não só na Venezuela.
Eles não estão em Miami trabalhando pela Venezuela." Sobre a relação com Wilson, disse: "Eles são próximos, se conhecem há anos e anos".
A agência de notícias americana Associated Press (AP)
descreve os quatro detidos como empresários que "prosperaram fazendo negócios com a
estatal do petróleo venezuelano". Segundo a AP, tanto Franklin Durán quanto Carlos
Kaufman são acionistas da petroquímica Venoco e Kaufman
é sócio da Perforaciones Alboz,
empresas que fazem negócios
com a PDVSA.
"Os três são entusiastas de
corridas de carros e competiram no rally Gumbal 300 na
Europa", diz a agência.
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