São Paulo, segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

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Líder supremo do Irã acusa opositores

Aiatolá Khamenei critica imagem de retrato do aiatolá Khomeini sendo queimada em manifestação

Opositores negam autoria e acusam regime de usar cena para justificar a repressão; chanceler critica alerta dos EUA aos latino-americanos

DA REDAÇÃO

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, acusou ontem os opositores que têm promovido protestos antirregime desde a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em junho, de violarem a lei ao supostamente queimarem uma figura do fundador da República Islâmica, aiatolá Khomeini.
Durante o fim de semana, a televisão oficial transmitiu reiteradas vezes a cena em que mãos de pessoas não identificadas vandalizam a imagem de Khomeini -líder da Revolução de 1979-, além das do próprio Khamenei e de Ahmadinejad.
Segundo Teerã, as imagens foram gravadas durante os protestos do último dia 7, em que opositores aproveitaram o Dia do Estudante para ir às ruas e retomar as manifestações iniciadas após o pleito de junho -200 pessoas foram presas.
Em um duro discurso transmitido pela TV, Khamenei disse que os manifestantes "transformaram a campanha eleitoral em campanha contra o sistema" e pediu calma.
Já a Guarda Revolucionária afirmou que "não vai tolerar silêncio ou hesitação" na identificação e punição dos autores do insulto.
Opositores ligados ao candidato derrotado Mir Hossein Mousavi negaram a autoria do desrespeito a Khomeini e acusaram o governo de usar a imagem para justificar dura repressão aos protestos. Ontem, estudantes voltaram a se manifestar na Universidade de Teerã.
Anteontem, milhares de manifestantes pró-regime saíram às ruas em reação à retomada das manifestações opositoras.

Polêmica nuclear
No front externo, o Irã voltou a enviar sinais dúbios às potências ocidentais sobre as negociações nucleares, atualmente emperradas, ao dizer anteontem que pode enviar parte do seu urânio para enriquecimento no exterior -como o previsto na proposta sobre a mesa-, mas sob condições similares às já rejeitadas nas negociações.
O aparente aceno, segundo críticos, visa dividir o grupo dos seis países -EUA, França, Reino Unido, China, Rússia e Alemanha- que negociam o acordo a poucos dias de um encontro para decidir o próximo passo ante a resistência do Irã em aceitar a proposta apresentada.
Ontem, o chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki, reagiu à advertência da colega americana, Hillary Clinton, aos países latino-americanos para evitar envolvimento com Teerã. "As palavras contradizem os princípios diplomáticos da Convenção de Viena. Condenamos esse tipo de atitude", disse ele.


Com agências internacionais

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