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Guerra causa racha diplomático entre árabes
Qatar quer sediar cúpula amanhã para tratar de Gaza, mas Arábia Saudita e Egito defendem outras propostas de encontro
Embate traduz divergências entre países favoráveis à firmeza contra Israel e governos que consideram o Hamas como uma ameaça
SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os ataques em Gaza acirram
as profundas divergências geopolíticas no mundo árabe e sustentam a atual queda de braço
diplomática entre os países coniventes com o objetivo israelense de enfraquecer o grupo
islâmico Hamas e os partidários de uma ação diplomática
mais firme contra Israel.
O racha na região está cristalizado em duas propostas rivais
de cúpula para tratar dos ataques que deixaram até agora
1.024 palestinos mortos, despertando a fúria da opinião pública árabe e aumentando a
pressão contra governos impopulares e ineficientes.
A primeira sugestão de um
encontro de lideranças árabes
partiu do Qatar, um país pequeno mas rico, adepto de uma diplomacia pró-árabe que a TV
estatal Al Jazeera se encarrega
de propagar por toda a região.
O governo qatariano convidou os líderes árabes a se reunirem amanhã em Doha para
buscarem juntos maneiras de
aumentar a pressão para o fim
dos ataques israelenses.
Nas entrelinhas, o evento
também pretende dar uma resposta às populações árabes, que
exigem de seus governos atitudes mais contundentes.
Doha anunciou ontem ter recebido confirmação de participação de 15 dos 22 países da Liga Árabe, o que representaria o
quórum suficiente de dois terços. Mas a Liga Árabe afirmou
que o número de participantes
confirmados é 13, dois a menos
do que o necessário.
Egito e Arábia Saudita
As desistências -uma delas
do Marrocos, a outra não especificada- resultam de pressões
do Egito e da Arábia Saudita, as
potências árabes aliadas de
Washington que trabalham
abertamente para minar os planos do Qatar.
O rei saudita, Abdullah al
Saud, marcou ontem às pressas
uma reunião para hoje com os
vizinhos do golfo Pérsico.
Já o Egito quer tratar de Gaza
às margens de uma cúpula econômica no Kuait, na próxima
semana, agendada antes da crise. "Se formos a Doha, vamos
matar a cúpula do Kuait", argumentou o chanceler egípcio,
Ahmed Abul Gheit.
Segundo analistas, as manobras sauditas e egípcias visam
acentuar as divisões entre árabes para dar tempo a Israel de
continuar atacando o Hamas,
considerado inimigo.
Apesar de ser o principal mediador na crise, o Egito atrai as
maiores acusações de conivência com Israel. O governo do
país árabe mais populoso vê o
ataque a Gaza como maneira de
acabar com o Hamas, ou no mínimo enfraquecê-lo, e, por tabela, desmoralizar a Irmandade Muçulmana, entidade oposicionista egípcia que inspirou
o surgimento do grupo.
O Cairo também quer um
Hamas mais fraco por considerá-lo um instrumento do Irã, rival persa do Egito na disputa
por influência regional.
Com agências internacionais
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