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Hizbollah promete "guerra aberta" a Israel
Líder do grupo xiita acusa israelenses de terem agido "fora do campo de batalha" em atentado que matou seu chefe militar
Governo israelense põe de
prontidão tropa na fronteira
libanesa e reforça proteção
de embaixadas; EUA crêem
que ameaça "é alarmante"
DA REDAÇÃO
O líder do grupo radical xiita
Hizbollah, xeque Hassan Nasrallah, ameaçou ontem desencadear contra Israel "uma
guerra aberta", ao responsabilizar aquele país pelo atentado
que matou anteontem, na Síria,
o comandante militar do grupo,
Imad Moughniyeh.
"Sionistas, caso vocês queiram essa forma de guerra aberta, que o mundo inteiro saiba
que haverá uma guerra aberta",
afirmou em gravação exibida
num telão em Beirute, durante
as cerimônias de sepultamento
do líder terrorista morto.
Nasrallah disse que, ao cometer um atentado na Síria, Israel deslocou para "fora do
campo de batalha" um conflito
até agora circunscrito ao Líbano. Com isso, afirmou, o governo israelense passava a se expor a ações do grupo islâmico
em países estrangeiros.
Moughniyeh era há duas décadas um dos homens mais
procurados por Israel e pelos
Estados Unidos, em razão de
sua participação direta em
atentados terroristas, como os
que mataram 241 militares
americanos no Líbano, nos
anos 80, ou os 95 ocupantes de
um centro cultural judaico em
Buenos Aires, em 1994.
A ameaça do líder do Hizbollah levou Israel a decretar alerta máximo e a adotar "todas as
precauções no ar, em terra e no
mar para proteger a fronteira
ao norte [com o Líbano] e outros interesses israelenses",
afirmou o general Gabi Ashkenazi. As embaixadas de Israel
estão com segurança reforçada.
A ministra israelense do Exterior, Tzipi Livni, disse que
seu país sabe enfrentar as
ameaças e qualificou o Hizbollah de terrorista. Quem compareceu à cerimônia do Hizbollah foi o ministro iraniano das
Relações Exteriores, Manouchehr Mottaki. Ele leu uma
mensagem do presidente Mahmoud Ahmadinejad. O gesto sinaliza de forma explícita a ligação do grupo libanês com o Irã,
país de maioria xiita. O Hizbollah também tem apoio sírio.
Em Washington, o porta-voz
do Departamento de Estado,
Sean McCormack, qualificou
de "alarmante" a ameaça do
grupo xiita contra Israel.
Divisão em Beirute
Israel negou estar por trás da
explosão que matou o dirigente
xiita, embora, segundo a Reuters, o serviço secreto israelense, Mossad, o mantivesse em
sua lista negra. Moughniyeh é o
mais alto líder do Hizbollah a
ser morto desde 1992, quando
um helicóptero israelense localizou e alvejou, ao sul do Líbano, o então secretário-geral do
grupo, Abbas Mussawi.
O sepultamento de Moughniyeh foi uma oportunidade
para que os libaneses partidários da Síria dessem uma demonstração de força, reunindo
dezenas de milhares de simpatizantes em manifestações de
rua ao sul de Beirute.
Ao mesmo tempo que uma
multidão sepultava Moughniyeh, milhares de adversários do
grupo islâmico se reuniam na
praça dos Mártires, centro de
Beirute, para homenagear o ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, ali sepultado e lembrado pelo terceiro aniversário do atentado terrorista que o matou.
O Exército ocupou Beirute
com 8.000 soldados para evitar
que as manifestantes do Hizbollah entrassem em atrito com
manifestantes anti-Síria.
Investigações de uma comissão da ONU apontaram autoridades sírias como prováveis
responsáveis pelo atentado de
fevereiro 2005, o que Damasco
nega. Em meio a milhares de
bandeiras libanesas, o filho de
Hariri, Saad, deputado e seu sucessor político, afirmou que sua
mão estava "estendida" à oposição apoiada pela Síria. Nasrallah diria depois que aceitava o
gesto por considerá-lo sincero.
O Ministério do Interior afirmou que a manifestação pró-Hariri reuniu 1 milhão de pessoas, embora jornalistas presentes constatassem apenas
"dezenas de milhares".
Com agências internacionais
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