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Putin ficará no poder "por muito tempo" como premiê
Em coletiva, presidente da Rússia ataca apoio europeu à separação de Kosovo
Conselho de Segurança da ONU discute situação de Kosovo e Sérvia anula por antecipação ato anunciado para domingo por Província
DA REDAÇÃO
O presidente russo Vladimir
Putin confirmou ontem que
pretende ser primeiro-ministro "por muito tempo" após
deixar o Kremlin, em maio. Em
sua última entrevista coletiva
anual no cargo, que se estendeu
por quase cinco horas, ele disse
que "o mais alto poder executivo no país é o governo da Federação Russa, liderado pelo premiê", mas negou que pretenda
ditar ordens ao seu provável sucessor, Dmitri Medvedev.
"Eu nunca teria apoiado um
candidato à Presidência que
precisasse de cuidados e conselhos sobre como agir", afirmou,
no evento transmitido ao vivo
pela televisão russa. Chancelado por Putin, o primeiro vice-premiê Dmitri Anatolyevich
Medvedev, 42, é o franco favorito nas eleições de 2 de março.
Cerca de 70% dos eleitores
que pretendem votar apóiam
Medvedev - e apenas 19% esperam que ele atue de forma independente, de acordo com
pesquisa do instituto Levada.
Embora a Constituição concentre poderes na figura do
presidente -o premiê tem funções sobretudo no planejamento econômico-, Putin não faz
segredo de que exerceria o cargo de modo bastante peculiar.
"Você tem de concordar que,
se eu chefiar o governo, a situação será de certo modo única
porque eu próprio fui presidente por oito anos e, de modo geral, trabalhei muito bem." Impedido de concorrer a um terceiro mandato, Putin não pretende pendurar a fotografia do
chefe de Estado no seu escritório, cortesia protocolar no país.
As menções de Putin a seu futuro papel como premiê suscitaram críticas dos Estados Unidos. "Não é o tipo de afirmação
coerente com uma democracia
saudável", disse o porta-voz do
departamento de Estado, Sean
McCormack. "Normalmente
essas questões são respondidas
primeiro pelo povo."
Kosovo
Reiterando a posição oficial
da Rússia, Putin disse que a independência de Kosovo seria
"imoral" -porque a União Européia, que pretende reconhecer o ato, não admite secção
unilateral em seus próprios
países- e "ilegal", por desrespeitar a soberania da Sérvia.
A Província semi-autônoma,
cuja maioria da população é de
origem albanesa, pretende proclamar-se independente no domingo. O fato já é considerado
inevitável pela Sérvia, que adotou resolução anulando, antecipadamente, a secessão.
O premiê Vojislav Kostunica
foi à TV em cadeia nacional para dizer ao país que se prepare
para iminente declaração kosovar. Ele foi dúbio: disse que a
perda da Província -que faz
parte da construção da nacionalidade sérvia por causa de sucessivas batalhas contra conquistadores otomanos, a partir
do século 15- é uma realidade,
mas que o país não vai aceitá-la.
Também iniciou-se reunião
extraordinária do Conselho de
Segurança, solicitada pela Sérvia e pela Rússia para deliberar
sobre o que consideram uma
violação da Carta da ONU.
A independência está ensaiada passo a passo. A força da
Otan na Província já está em
alerta para conter conflitos entre os kosovares albaneses e
sérvios. Reino Unido, Holanda,
Alemanha e França devem ser
os primeiros a reconhecerem o
ato. Os EUA seguem a posição
européia. Os embaixadores sérvios nos países que reconhecerem Kosovo voltariam a Belgrado na segunda, em protesto.
Com agências internacionais
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