São Paulo, segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

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EUA fazem giro diplomático para pressionar Teerã

Em visita a diversos países do Oriente Médio, Hillary Clinton e diplomatas americanos tentam costurar apoio a mais sanções ao Irã

Fadi Al Assaad/Reuters
Hillary Clinton durante fórum em Doha, ontem; giro da diplomacia americana inclui também Arábia Saudita, Líbano,Síria e Israel

DA REDAÇÃO

Os EUA iniciaram no fim de semana um giro diplomático pelo Oriente Médio, com a chanceler Hillary Clinton e outros três diplomatas de alto escalão, para pressionar a região a apoiar novas sanções ao Irã e assegurar os vizinhos da República Islâmica de que os EUA manterão a oposição ao programa nuclear iraniano.
O giro ocorre poucos dias depois de o Irã ter se declarado um "Estado nuclear" e dito ter capacidade para enriquecer urânio a 80%, próximo dos 90% necessários para a construção da bomba atômica.
Desde então, os EUA estão tentando costurar uma nova rodada de sanções contra o país no Conselho de Segurança (CS) da ONU -que serão apresentadas neste mês, disse ontem o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jim Jones.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, no entanto, nega o interesse na bomba atômica e alega que seu programa nuclear tem fins energéticos e medicinais.
Hillary disse ontem, num fórum internacional de relações EUA-islã, em Doha (Qatar), que "se acumulam evidências" de que Teerã visa a bomba e instou o país a reconsiderar sua "perigosa" política nuclear. "O Irã deixa poucas opções à comunidade internacional a não ser impor maiores custos a suas ações provocativas", declarou.
Após passagem pelo Qatar, Hillary deve chegar hoje na Arábia Saudita para encontro com o rei Abdullah -numa aparente tentativa de convencer os sauditas a suprir a China com combustível e, assim, substituir o suprimento iraniano a Pequim caso este seja alvo de mais restrições. Isso, acredita-se, ajudaria a reduzir a resistência chinesa às sanções -o poder de veto de Pequim e Moscou no CS são os principais entraves à aprovação de novas restrições. A Rússia, no entanto, deu indicativos de que pode apoiar punições a Teerã.
O vice-presidente americano, Joe Biden, disse ontem esperar que "como potência mundial responsável, a China "deve apoiar as sanções" e evitar a "proliferação nuclear" no Oriente Médio.
Já o número 2 de Hillary no Departamento de Estado, William Burns, vai amanhã para Líbano e Síria, numa viagem tida como crucial, uma vez que Damasco é um dos principais aliados de Teerã, e o Líbano, que tem assento rotativo no CS atualmente, deve resistir a reforçar restrições contra os iranianos. Os subsecretários de Estado James Steinberg e Jacob Lew visitarão Egito, Israel e Jordânia.
Também está na região o almirante Mike Mullen, chefe do Estado-Maior conjunto dos EUA, que disse ontem no Egito que seu país se preocupa não só com "o programa nuclear iraniano, mas com as declarações de Ahmadinejad contra Israel".
O giro americano no Oriente Médio visa tratar também de temas como o acordo israelo-palestino, o combate à Al Qaeda no Iêmen e a relação EUA-Síria, mas tudo isso deve acabar eclipsado pela tensão com o Irã.

Com agências internacionais e "New York Times"



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