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Premiê israelense tenta evitar venda de mísseis russos a Teerã
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
O premiê de Israel, Binyamin
Netanyahu, começa hoje uma
visita oficial à Rússia, cujo objetivo principal é pedir o apoio do
Kremlin a uma nova rodada de
sanções contra o Irã.
"Israel acredita que deve haver uma pressão severa sobre o
Irã", disse Netanyahu ontem.
Porém, não menos importante na agenda do premiê estará a tentativa de convencer os
líderes russos a suspender a
venda de um sistema antiaéreo
a Teerã. A preocupação israelense é que a instalação das
avançadas baterias de mísseis
terra-ar S-300 torne irreal a
opção militar contra o Irã.
Nas entrelinhas de sete anos
de esforços diplomáticos para
deter as ambições atômicas de
Teerã, sempre esteve latente a
possibilidade de um ataque israelense contra as misteriosas
instalações nucleares.
Com o avanço no enriquecimento de urânio iraniano, a opção militar voltou a fazer sombra sobre o embate político,
ainda que o apoio internacional
seja mínimo. Além do risco de
guerra regional, há o receio de
que um ataque fizesse disparar
o preço do petróleo.
Para Israel, que segundo especialistas possui armas atômicas há cinco décadas, um Irã
nuclear é considerado o risco
número um. Embora dominado pela direita linha-dura, o
atual governo israelense entrou em compasso de espera,
impelido por dois fatores: o endurecimento do governo Obama e pela onda de oposição
contra o regime iraniano.
A instabilidade interna no
Irã vem sendo acompanhada
em detalhe pelo alto escalão israelense, na expectativa de que
o desfecho seja a troca de regime. Um ataque, neste momento, poderia reverter o processo.
"Há quem diga que um ataque uniria o povo iraniano",
disse à Folha o general da reserva Shlomo Brom, ex-diretor
estratégico do Exército israelense. "Outros preveem o oposto, que aumentaria a pressão da
oposição sobre o governo. Ninguém sabe ao certo."
Para o analista Amir Oren,
do jornal "Haaretz", Israel precisa da confluência de quatro
fatores para ordenar um ataque: necessidade vital, capacidade operacional, apoio interno e consentimento externo.
Oficialmente, Washington,
principal aliado de Israel, se
opõe a um ataque, mas usa a
possibilidade para elevar a
pressão sobre Teerã e reforçar
sua campanha por sanções
mais duras. "Todas as opções
estão sobre a mesa", reiterou
ontem o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos
EUA, Mike Mullen, em Israel.
A opção militar esbarra em
problemas operacionais. Para
analistas, os riscos de um ataque ao Irã seriam infinitamente maiores que em ações israelenses do passado, como a que
destruiu o reator de Osirak, no
Iraque, em 1981. Mas o Irã espalhou suas instalações em vários pontos do país, algumas
em abrigos subterrâneos, e cercou-as de baterias antiaéreas.
"A complexidade é tamanha
que talvez essa não seja uma
missão para a aviação", diz o
ex-piloto Zeev Raz, que comandou o ataque ao reator iraquiano. "Para garantir o sucesso, só
uma incursão terrestre."
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