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Brasil vai pedir que Irã dê acesso a relatores da ONU
Recomendação será feita em discurso hoje no Conselho de Direitos Humanos do órgão
Sessão revisará país persa; Itamaraty mantém posição de investir no diálogo, mas mostrar maior preocupação com situação iraniana
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
O Brasil vai recomendar hoje
ao Irã que permita a entrada no
país de relatores da ONU
-eventualmente, de um relator especial- e lhes dê acesso a
informações relativas à situação dos direitos humanos, segundo informações obtidas pela Folha.
O pedido, que será feito no
processo de revisão periódica
universal do país no Conselho
de Direitos Humanos, em Genebra, marca uma subida de
tom na posição brasileira sobre
o Irã e se aproxima da linha que
têm defendido organizações
não governamentais internacionais e ativistas iranianos como Shirin Ebadi, Nobel da Paz.
Não chega, entretanto, ao patamar da solicitação para criar
o cargo de relator especial sobre Irã, maior demanda das
ONGs e que será feita hoje por
outros participantes da sessão.
Mesmo assim, o pedido ilustra maior preocupação da diplomacia brasileira com direitos humanos no Irã, ainda que
não mude a essência da posição
do Itamaraty -a defesa do diálogo em lugar da condenação,
que leva o país a normalmente
se abster de votar sobre Teerã.
Confere-lhe também algum
distanciamento no momento
em que Brasília busca espaço
para mediar a questão nuclear
iraniana e em que seus laços
com Teerã não são bem vistos
pelos EUA e pela França.
O Irã passa hoje pela primeira vez pela revisão universal
periódica, processo dentro do
Conselho de Direitos Humanos ao qual os países-membros
são submetidos a cada quatro
anos. Teerã apresentará um relatório, e os embaixadores dos
demais países farão observações e recomendações.
O discurso da embaixadora
brasileira, Maria Nazareth Farani Azevedo, deve destacar o
que o Brasil vê como progressos, como programas de combate à pobreza e temas de educação. Mas vai falar contra a
pena de morte e chamar a atenção para a falta de liberdade de
expressão, a necessidade de
resguardar a vida de jornalistas
(oito foram presos no país só
nesta semana) e de minorias.
Notadamente, o Brasil defenderá a liberdade de expressão e culto, citando a minoria
religiosa Bahá'i, que tem sete
líderes presos à espera de julgamento. O caso é visto como
exemplo de perseguição, e o tema já havia sido abordado pelo
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva quando recebeu o iraniano Mahmoud Ahmadinejad.
"Para nós, é fundamental a
ida de um relator por país ao
Irã, seja qual for a formulação
do mandato. Não dá para esperar mais quatro anos pela próxima revisão periódica", disse à
Folha o secretário nacional de
ações com a sociedade e o governo da comunidade Bahá'i do
Brasil, Iradj Eghrari. "E se houver um massacre antes?"
Ontem, segundo agências de
notícias, mais cinco bahá'i foram presos no Irã.
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