São Paulo, segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

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Megaofensiva no sul afegão mata 12 civis

Mortes, confirmadas pela Otan, são revés para a estratégia dos EUA de conquistar apoio popular a operações militares

Comandante das tropas no Afeganistão diz "lamentar trágica perda"; mortes foram resultado de erro de alvo durante ataque

DA REDAÇÃO

O comando das forças internacionais no Afeganistão confirmou ontem a morte de 12 civis na ofensiva que tropas da Otan (aliança militar ocidental) e afegãs promovem na cidade de Marjah, reduto do Taleban na Província de Helmand (sul).
O anúncio é um revés para a nova estratégia delineada pelos EUA para o conflito, que prevê a conquista de apoio da população civil às operações militares para a retomada de territórios dominados pelos insurgentes.
Antes do seu início, na madrugada (local) de anteontem, a operação na cidade de cerca de 80 mil habitantes foi amplamente anunciada como alerta à população civil, aconselhada a não deixar a cidade -o que deve aumentar a pressão sobre a Otan em relação a mortes civis.
De acordo com a Otan, as mortes dos primeiros civis desde o início da operação resultaram do disparo de dois mísseis que visavam suposto abrigo de insurgentes que resistiam à incursão militar, mas erraram o alvo por 300 metros, atingindo a casa na qual estava o grupo.
O comandante das tropas estrangeiras no Afeganistão, o general Stanley McChrystal, disse "lamentar a trágica perda de vidas" e que dirigira pedido de desculpas ao presidente Hamid Karzai. McChrystal anunciou ainda a suspensão do uso dos mísseis durante o período de investigação do incidente.
"A operação tem o objetivo de restaurar a segurança e a estabilidade nessa região vital do país. É lamentável que no decorrer das operações vidas inocentes sejam perdidas", disse.
O presidente afegão também ordenou a abertura de procedimento a fim de apurar a autoria dos disparos. Embora em baixa, as mortes civis em operações militares são um dos principais motivos de tensão entre Cabul e Washington e de descontentamento popular com a missão.
Entre os 7.500 militares que realizam a megaofensiva, até ontem haviam sido confirmadas duas mortes -um americano e um britânico. E, de acordo com a Otan, 27 insurgentes foram mortos nos combates. A aliança estima entre 400 e mil os membros do Taleban ainda entrincheirados na região central de Marjah -além de cerca de cem militantes estrangeiros.
Ontem, tropas estrangeiras e afegãs tiveram novos enfrentamentos com insurgentes à medida que avançavam em direção ao centro da cidade e assumiam controle de postos considerados chave para a futura estabilização da situação no local.
A operação em Marjah, além de ser a maior desde a invasão do Afeganistão liderada pelos EUA em 2001, é ainda o primeiro teste da nova estratégia para a Guerra do Afeganistão, anunciada pelo presidente Barack Obama em dezembro passado.
O plano prevê o envio de 30 mil novos soldados -elevando para cerca de 110 mil as tropas estrangeiras no país- durante este ano e o início da retirada dos EUA em meados de 2011.
O operação é ainda apenas a primeira de uma série planejada para os próximos meses que tem como objetivo retomar o controle de uma ampla área no sul afegão, formando um arco de Helmand a Candahar, hoje sob controle do Taleban e um foco da produção de papoula -matéria-prima do ópio, cujo tráfico financia a insurgência.
Com agências internacionais



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