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Megaofensiva no sul afegão mata 12 civis
Mortes, confirmadas pela Otan, são revés para a estratégia dos EUA de conquistar apoio popular a operações militares
Comandante das tropas no Afeganistão diz "lamentar trágica perda"; mortes foram resultado de erro de alvo durante ataque
DA REDAÇÃO
O comando das forças internacionais no Afeganistão confirmou ontem a morte de 12 civis na ofensiva que tropas da
Otan (aliança militar ocidental)
e afegãs promovem na cidade
de Marjah, reduto do Taleban
na Província de Helmand (sul).
O anúncio é um revés para a
nova estratégia delineada pelos
EUA para o conflito, que prevê
a conquista de apoio da população civil às operações militares
para a retomada de territórios
dominados pelos insurgentes.
Antes do seu início, na madrugada (local) de anteontem, a
operação na cidade de cerca de
80 mil habitantes foi amplamente anunciada como alerta à
população civil, aconselhada a
não deixar a cidade -o que deve aumentar a pressão sobre a
Otan em relação a mortes civis.
De acordo com a Otan, as
mortes dos primeiros civis desde o início da operação resultaram do disparo de dois mísseis
que visavam suposto abrigo de
insurgentes que resistiam à incursão militar, mas erraram o
alvo por 300 metros, atingindo
a casa na qual estava o grupo.
O comandante das tropas estrangeiras no Afeganistão, o general Stanley McChrystal, disse "lamentar a trágica perda de
vidas" e que dirigira pedido de
desculpas ao presidente Hamid
Karzai. McChrystal anunciou
ainda a suspensão do uso dos
mísseis durante o período de
investigação do incidente.
"A operação tem o objetivo
de restaurar a segurança e a estabilidade nessa região vital do
país. É lamentável que no decorrer das operações vidas inocentes sejam perdidas", disse.
O presidente afegão também
ordenou a abertura de procedimento a fim de apurar a autoria
dos disparos. Embora em baixa,
as mortes civis em operações
militares são um dos principais
motivos de tensão entre Cabul
e Washington e de descontentamento popular com a missão.
Entre os 7.500 militares que
realizam a megaofensiva, até
ontem haviam sido confirmadas duas mortes -um americano e um britânico. E, de acordo
com a Otan, 27 insurgentes foram mortos nos combates. A
aliança estima entre 400 e mil
os membros do Taleban ainda
entrincheirados na região central de Marjah -além de cerca
de cem militantes estrangeiros.
Ontem, tropas estrangeiras e
afegãs tiveram novos enfrentamentos com insurgentes à medida que avançavam em direção ao centro da cidade e assumiam controle de postos considerados chave para a futura estabilização da situação no local.
A operação em Marjah, além
de ser a maior desde a invasão
do Afeganistão liderada pelos
EUA em 2001, é ainda o primeiro teste da nova estratégia para
a Guerra do Afeganistão, anunciada pelo presidente Barack
Obama em dezembro passado.
O plano prevê o envio de 30
mil novos soldados -elevando
para cerca de 110 mil as tropas
estrangeiras no país- durante
este ano e o início da retirada
dos EUA em meados de 2011.
O operação é ainda apenas a
primeira de uma série planejada para os próximos meses que
tem como objetivo retomar o
controle de uma ampla área no
sul afegão, formando um arco
de Helmand a Candahar, hoje
sob controle do Taleban e um
foco da produção de papoula
-matéria-prima do ópio, cujo
tráfico financia a insurgência.
Com agências internacionais
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