São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

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EUA adiam cúpula com Paquistão após prisão de diplomata

Raymond Davis foi detido após matar duas pessoas em Lahore; Islamabad nega que caso prejudique relações

Sigla governista admite imunidade a americano; proposta de Orçamento dos EUA indica início de retirada do Afeganistão

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Em mais um episódio de atrito entre os aliados EUA e Paquistão, Washington decidiu adiar conferência de alto escalão entre os dois países e o Afeganistão numa aparente resposta à prisão de um diplomata do país em Lahore.
Embora o governo americano não tenha relacionado diretamente a decisão ao episódio envolvendo o diplomata Raymond A. Davis, funcionários dos EUA disseram que o adiamento é uma reação a Islamabad e coloca em risco a cooperação bilateral.
Davis foi preso no dia 27 de janeiro após matar dois motoqueiros em Lahore, cidade próxima à fronteira indiana.
Segundo a polícia local, o diplomata matou as duas vítimas "a sangue frio". Mas o americano afirma ter agido em legítima defesa ao sofrer uma tentativa de assalto.
Os EUA, por sua vez, dizem que Davis faz parte do "pessoal técnico e administrativo" da representação americana no Paquistão e, por isso, goza de imunidade diplomática. Washington cobra sua soltura imediata.
Anunciado no último sábado, o adiamento do encontro previsto para o fim do mês, que contaria com a presença da secretária de Estado Hillary Clinton e dos chanceleres de Paquistão e Afeganistão, motivou uma mudança na posição de Islamabad.
Ontem, o partido governista PPP, do premiê Yusuf Raza Gilani, admitiu que Davis detém imunidade diplomática.
Até então, Islamabad vinha defendendo a posição de que o americano possuía somente o passaporte diplomático, e não a imunidade, deixando à Justiça do país a decisão de libertá-lo ou não.
Há ainda relatos de que a saída do chanceler paquistanês, Shah Mehmud Qureshi, anunciada no final da semana passada, tenha sido motivada por sua resistência em ceder às pressões dos EUA.
Anteontem, Islamabad disse que o episódio não interferirá nas relações bilaterais e que o encontro anual será remarcado em breve.
O Paquistão é importante aliado dos EUA no Afeganistão e recebe elevada ajuda de Washington. O país enfrenta, porém, crescente sentimento popular antiamericano devido a ações como os bombardeios por aviões-robôs que provocam baixas entre civis.

AFEGANISTÃO
O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou ontem proposta de Orçamento para 2012 que indica leve redução de tropas americanas estacionadas no Afeganistão a partir deste ano -como a Casa Branca programava.
Segundo as projeções, o número de soldados no país deve diminuir de 102 mil para 98.250 em outubro -começo do ano fiscal americano.
O governo americano afirmou, porém, que a intenção dependerá da evolução das condições no país, que tem enfrentado instabilidade política e violência crescente.


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