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ORIENTE MÉDIO
Alvo dos ataques terroristas foi o bem protegido porto de Ashdod
Duplo atentado mata 10 em Israel
DA REDAÇÃO
Um duplo atentado suicida matou ontem dez israelenses no porto de Ashdod, o segundo mais
movimentado de Israel. Essa foi a
primeira ação terrorista desde a
eclosão da Intifada (levante palestino), em setembro de 2000, que
teve como alvo uma instalação estratégica de Israel, elevando os temores de que as ações dos grupos
palestinos se tornassem mais sofisticadas a partir de agora.
Horas antes, o Exército de Israel
matara três integrantes do Hamas
perto do assentamento judaico de
Netzarim (faixa de Gaza).
Após o duplo atentado, o premiê israelense, Ariel Sharon, cancelou um encontro que teria amanhã com o premiê palestino, Ahmed Korei. A ANP (Autoridade
Nacional Palestina) condenou o
atentado, mas lamentou o cancelamento da reunião.
Os grupos terroristas Hamas e
Brigadas dos Mártires de Al Aqsa,
ligadas ao Fatah (grupo político
de Korei e do presidente da ANP,
Iasser Arafat), reivindicaram conjuntamente o atentado em comunicado enviado à rede de TV libanesa Al Manar, que pertence ao
grupo extremista Hizbollah.
Para o analista militar israelense
Zeev Shiff, do diário "Haaretz",
essa cooperação entre o Hamas e
o Fatah (Brigadas de Al Aqsa) começou há algumas semanas e está
se solidificando.
O primeiro dos terroristas se explodiu na entrada do portão principal do porto às 17h, quando
muitos funcionários deixavam o
porto -domingo é dia útil em Israel. O segundo conseguiu entrar
nas instalações do porto, onde detonou os explosivos presos a seu
corpo alguns minutos depois.
Ao menos 20 pessoas ficaram
feridas no duplo atentado.
O chefe de polícia da região sul
de Israel, Moshe Karadi, disse que
os suicidas utilizaram um tipo de
explosivo diferente do usado normalmente em atentados. Ele suspeita ainda que os terroristas tivessem como alvo tanques com
agentes químicos. Caso esses locais fossem atingidos, o número
de vítimas seria bem maior, disse.
Abu Qusay, chefe das Brigadas
dos Mártires de Al Aqsa em Gaza,
disse que os atentados de ontem
servem para mostrar "que nós
podemos atingir Israel em qualquer lugar, mesmo nos lugares
mais bem protegidos, como um
porto ou um aeroporto".
Nos atentados de ontem, os suicidas eram originários da faixa de
Gaza. Nas outras ações cometidas
durante a Intifada, os terroristas
eram provenientes da Cisjordânia. A única exceção foi em um
ataque em um bar em Tel Aviv no
ano passado. Porém os terroristas
eram militantes islâmicos britânicos, não palestinos.
Nagib Massoud, 17, e Mahmoud
Salem, 17 -os suicidas de ontem-, eram colegas em um colégio no campo de refugiados de Jabaliya. Seus pais disseram ontem
estar orgulhosos dos filhos. Os
ataques foram comemorados nas
ruas da faixa de Gaza.
Não está claro como os dois terroristas conseguiram entrar em
Israel, já que a faixa de Gaza é inteiramente cercada.
Há três possibilidades: eles podem ter penetrado por meio de alguma falha na cerca; podem ter
atravessado por meio de um túnel
no campo de refugiados de Rafah
para o Sinai (Egito) e de lá para o
Negev em Israel; existe ainda a
possibilidade de eles terem chegado de barco. Ashdod se localiza a
apenas 40 km da faixa de Gaza.
A ação de ontem trouxe à tona
mais uma vez a discussão sobre o
plano de Sharon de remover unilateralmente a maior parte dos assentamentos na faixa de Gaza.
Analistas afirmam que os grupos terroristas podem tentar intensificar as ações contra Israel
com objetivo de mostrar que os
israelenses estariam deixando a
região após uma derrota militar, o
que os fortaleceria dentro dos territórios palestinos.
Com agências internacionais
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